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Acusado de calote, apresentador de TV se diz vítima de oportunista

“Não recebi nem R$ 1 por três meses de trabalho. Quero meu dinheiro”, exige fotógrafo

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22/11/2013 às 10h12

João Kléber é acusado de calote pelo fotógrafo Paulo Botelho, 31, que afirma, com exclusividade ao R7, ter feito 15 coberturas fotográficas e reportagens em vídeo, mas não viu a cor do dinheiro. Mais: como pagamento, o apresentador teria lhe oferecido a vaga de “Sedutor”, do “Teste de Fidelidade”, na RedeTV!, entrega. Do outro lado, João Kléber nega a dívida e se diz vítima de “oportunista”:  

— "Sedutor"? Ele [Botelho] não está passando bem, precisa de terapia. […] A estética dele não permite. Ele é gordinho… Não estou querendo deixar ninguém em baixa estima, mas nem eu seria "Sedutor". 

O acordo de trabalho teria sido verbal, ou seja, boca a boca, mas mesmo assim a Justiça pode garantir o pagamento por meio de provas e testemunhas. Nas imagens a seguir, descubra o total da dívida e saiba como um trabalhador comum, sem registro, pode cobrar o patrão que “esqueceu” de pagá-lo.

Quando voltou de Portugal, há pouco mais de um ano, João Kléber estava sem contrato com emissoras brasileiras. Antes de acertar sua volta para a Rede TV!, em fevereiro deste ano, o apresentador ensaiou uma entrada na campanha política e atuou em um programa transmitido apenas pela internet. Foi então que precisou de fotógrafo, assistente de palco e até repórter de rua. O contratado multitarefas, Paulo Botelho, nem imaginava que ficaria sem receber, mas João Kléber nega.

Paulo Botelho, que enviou uma notificação extra-judicial a João Kléber por calote, foi convidado pelo próprio apresentador para trabalhar com ele (veja as imagens feitas pelo próprio Paulo, em destaque). Não havia contrato, o acordo foi verbal, segunda lembra o denunciante:

— Ele me chamou para fazer 15 eventos fotográficos, mais para a campanha política dele, que não deu certo. Cobri festas, fiz fotos dele com seus convidados, fiquei madrugada inteira esperando-o, mas acabei sem receber.

Depois de deixar o reality A Fazenda, João Kléber, tinha ambição de disputar uma vaga de vereador em Barueri (SP). O apresentador teria contratado o fotógrafo Paulo Botelho também para ajudar na campanha. 

— Ele (João Kleber) me chamou fechando um pacote de 15 coberturas fotográficas, mas eu fiz muito mais, inclusive reportagem em vídeo.

Segundo relata Botelho, João Kléber prometeu que pagaria o profissional assim que fechasse o acordo com um partido para a campanha para vereador:

— João me disse pessoalmente que ele, entrando para política ou não, me pagaria ao final dos 15 eventos, mas a campanha não foi para frente.

Botelho denuncia ainda que a campanha para vereador de João Kleber não foi para frente por causa de dinheiro:

— Ele pediu muito dinheiro para sair como vereador, mas o partido não aceitou. Achou que o apresentador não valia aquilo tudo.

Em entrevista, João Kléber diz que Paulo o procurou se oferecendo para trabalhar de graça:

—Nos conhecemos em uma entrevista. Ele tirou fotos minhas em um hotel, inclusive da suíte presidencial. Me convidou para jantar e paguei a conta. Depois, pediu para me acompanhar em alguns eventos. Fomos a entrevistas, festas de amigos em comum… e só. Eu não tenho contato nenhum com esse senhor, nem fui notificado.

Sem a grana da campanha, após três meses trabalhando para João Kléber, Paulo Botelho não via o pagamento. Foi quando o apresentador pediu para Paulo continuar, dessa vez, mais focado no programa que o apresentador tinha na internet. O fotógrafo acreditou. João Kleber nega:

— Olha quantas mentiras! Não fiz acordo verbal com ele. As fotos são de festas, normais… Que fotógrafo profissional se fotografa ao lado dos famosos e publica no Facebook dele?, questiona o apresentador, que afirmou ainda que não foi notificado pela Justiça, conforme garante Paulo.

A reportagem teve acesso ao processo na Justiça (veja imagem da cópia no destaque), que detalha os valores cobrados pelo fotógrafo Paulo Botelho. Ele cobra entre R$ 400 e R$ 500 por cada um dos 15 eventos fotográficos realizados. O processo não cita dano moral, cobra apenas pelo pacote da cobertura fotográfica.

Paulo Botelho poderia ter exigido R$ 40 mil de indenização (dano moral e material) do apresentador, porque a relação dá margem para a Justiça considerar vínculo de emprego, explicam especialistas. O vínculo pode ser considerado mesmo sem registro ou contrato por escrito, que é caracterizando quando o empregado cumpria horário, recebia ordens, entre outros fatores.

No processo judicial, a advogada da vítima, Andreia Medeiros, detalha os preços por evento realizado, totalizando um pagamento de apenas R$ 9.000:

— Não pedi dano moral, nem o tempo extra que trabalhei a mais que os 15 eventos originalmente contratados. Quero só a grana desses 15 eventos. Podia pedir R$ 40 mil, mas quero resolver logo e exigi R$ 9.000.

Paulo chegou a fazer reportagens em vídeo para o apresentador na rua. Fotos enviadas à reportagem com o processo mostram Paulo Botelho no palco, ao lado do apresentador.

O fotógrafo detalha ainda que João Kléber, sem a grana da campanha, continuou sem dar satisfação sobre a dívida. E teria tentado acalmar Paulo Botelho oferecendo a ele a vaga de “Sedutor”, personagem do quadro “Teste de Fidelidade”.

— Ele estava indo para a Rede TV! e tentou me levar para lá com a promessa de me pagar depois. Quando eu disse que só queria a grana, ele tentou apelar me oferecendo a vaga de ator do Teste de Fidelidade… E eu não tenho perfil para isso.

Ao ser informado que teria oferecido o papel de “Sedutor” a Botelho, João Kleber sobe o tom de voz:

— É mentira, nunca o chamei para ser o Sedutor! Ele [Botelho] não está passando bem, precisa de terapia. O Teste de Fidelidade só testa homem, como vou precisar de um Sedutor? E mesmo se tivesse não seria ele porque a estética dele não permite. Ele é gordinho… Não estou querendo deixar ninguém em baixa estima, mas nem eu seria sedutor. 
Tem que ser um cara de 25 anos, bonitão, porte físico malhado… Ah, só se fosse sedutor da terceira idade. 

Diante das insistências, João Kléber teria parado de atender às ligações de Botelho. Para receber, então, o fotógrafo conta que foi para a porta de um chique hotel de São Paulo, onde João Kléber até então morava:

— Fiz plantão na porta do hotel, mas não consegui [falar com ele]. Tive que entrar na Justiça.

Para agilizar o recebimento, a advogada de Paulo Botelho, Andreia Medeiros, o aconselhou a mover a ação não na Justiça Trabalhista, mas no Juizado de Pequenas Causas, que aceita ações no valor de até 40 salários mínimos (R$ 27.120). Paulo exige apenas R$ 9.000.

Para ingressar com uma ação reivindicando pagamento por serviços prestados no Juizado de Pequenas causas nem é preciso de advogado. Qualquer trabalhador pode entrar com o processo sozinho, mas Botelho contratou advogado para “argumentar melhor a ação.”

R7

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