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Datena diz ter pena de Gugu e Faustão

O polêmico apresentador abre seu camarim para falar sobre sua nova atração, a concorrência e seu estafante volume de trabalho

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12/05/2012 às 14h34

style=width:Foto: André Giorgi O primeiro trabalho de Datena foi como repórter e locutor de uma rádio de Ribeirão Preto, sua cidade natal

Às 10h, José Luiz Datena já está ao vivo na Rádio Bandeirantes. E seu expediente ainda vai longe à frente do policial “Brasil Urgente” e do novo game show “Quem fica em pé?”. Para mensurar sua estafa, o apresentador compara suas atrações da Band com os dominicais de Gugu e Faustão: "Passar por um momento de exaustão no domingo é melhor do que passar por momentos de exaustão a semana inteira. É um pelotão de fuzilamento”. 

Com os bons índices que garante no Ibope, Datena diz que muitas vezes se sente "uma cobaia". Mas, nem por isso, desiste de seus sonhos: no momento, um programa de auditório na emissora. O comunicador já navegou por esses mares. “Minhas primeiras matérias na Globo eram de comportamento e humor”, relembra o paulista, que dá show de leveza no palco do programa comprado da Universal Studios pelo canal de João Saad.

Boa parte da minha carreira na Globo e na Band foi fazendo matérias de comportamento, de brincadeiras e humor

E é essa faceta que ele escancarou em conversa exclusiva com iG Gente. A bordo de um chapéu típico de Don Corleone, ostentando também relógio e correntes de ouro, em um ambiente cheio de livros sobre grandes líderes mundiais, Datena “se pôs na tela”, solto e descontraído, sempre sem medir suas palavras.

Acompanhado do diretor do programa, o argentino Pablo Mazover, ele tira sarro quando perguntado se opina no roteiro ou dá sugestões: “Eu dou palpites, mas ele não aceita. O cara é argentino. Brasileiro e argentino nunca dá certo dar palpite. Isso aqui virou uma república da Argentina, temos que obedecer os caras”. A seguir, o bate-papo com o jornalista:

iG: Como o projeto do "Quem fica de pé?" chegou nas suas mãos?
Datena:
O Diego (Guebel, CEO da Eyeworks) me propôs e eu aceitei. Mas, assim como ele, também não tinha muita confiança no projeto. E deu certo.

iG: A que você atribui o sucesso do game show?
Datena:
Os índices de audiência estão muito bons. A média supera qualquer expectativa que a gente tinha porque ele enfrenta novela, então é difícil. É como área de goleiro, não nasce grama ali. Chegamos a passar com 9 pontos, 8,5, é surpreendente.

style=width:Foto: André Giorgi Ainda em Ribeirão Preto, Datena fez uma matéria sobre o lixão da cidade, que lhe rendeu o primeiro de dois prêmios Vladimir Herzog


Quero um dia fazer um programa de auditório e deixar o ‘Brasil Urgente’, esse é o meu objetivo

 iG: Isso não era esperado?
Datena:
Ninguém aqui dentro tinha a perspectiva de que seria esse sucesso. O Diego tinha perspectiva de que fosse dar certo, mas não do jeito que deu.

iG: Você tem fama de durão e implacável e de repente nos deparamos com uma Datena solto e descontraído. Como chegou nesse tom?
Datena
: Boa parte da minha carreira na Globo e na Band foi fazendo matérias de comportamento, de brincadeiras e humor. Faz tempo, então as pessoas não lembram e também por causa do “Brasil Urgente”, que é um programa que se sobrepõe à carreira que eu tive. Deixa eu te mostrar uns vídeos no ‘youtchube’.

iG: Como você consegue mudar a freqüência mental e transitar por mundos tão opostos: hard news e entretenimento?
Datena:
A minha ideia não é transitar nesses dois mundos e sim ficar num mundo só. Quero um dia fazer um programa de auditório e deixar o ‘Brasil Urgente’, esse é o meu objetivo. Só não me deixam abandonar o ‘Brasil Urgente’ porque dá audiência para caramba, audiência noturna. Agora, alavancar a audiência mais noturna torra a paciência, ninguém aguenta.

style=width:Foto: André Giorgi Em 2003, estreou o Brasil Urgente, Band, o programa de maior audiência da casa

 

No ‘Quem fica em pé?’ eu tenho que fazer um personagem e no ‘Brasil Urgente’ é quem eu sou de verdade: um cara bravão e sério

iG: Você está muito cansado?
Datena:
Veja bem, os caras fazem um programa de quatro horas no sábado ou no domingo e reclamam: ‘Que saco, o programa é muito grande’. Acabei de gravar três programas, são quatro horas, quando não faço a rádio de manhã. E depois com ‘Brasil Urgente’ são mais duas horas e meia. São sete horas pelo menos três vezes por semana, sem parar! É impossível, uma hora vai ter que parar uma coisa ou outra. Senão quem não vai ficar em pé sou eu! Quem vai para o buraco sou eu! A minha vontade é fazer outra vertente como um programa de auditório.

iG: Como se enxerga nos dois programas?
Datena:
No ‘Quem fica em pé?’ eu tenho que fazer um personagem e no ‘Brasil Urgente’ é quem eu sou de verdade: um cara bravão e sério. Mas também sou engraçado, na vida particular tenho os meus momentos de humor. Nem tanto ultimamente: depois de operação nas cordas vocais e um problema sério de saúde, fica complicado ficar rindo. Mesmo porque eu não sou uma hiena. 

iG: E internamente, quais as diferenças mais gritantes entre os dois?
Datena:
Em um eu me divirto muito e no outro eu sofro muito.

iG: Como preparou este personagem do game show?
Datena:
Eu não me preparei, eu sou assim e me divirto com esse programa! No outro também, não tenho tanta responsabilidade de tentar passar notícias pesadas, são a realidade. E primeiro que no game show não tem aferição de Ibope.

src=http://i0.ig.com/bancodeimagens/b4/gr/n7/b4grn7vd6qij0tzjoooyortnq.jpgAndré Giorgi Datena é casado com Matilde há 35 anos, de quem ficou separado em 1986 e 1987; o casal tem três filhos: Joel, Vicente e Junior

Eu tenho pena do Gugu, do Faustão, que apresentam programa no domingo e têm que dar audiência. Aí é complicado, é exaustivo

 iG: Você acompanha a audiência?
Datena:
Assistimos ao programa e ficamos vendo o Ibope que está dando. Até falei para o Pablo parar de fazer isso, senão enche o saco. O Ibope é muito legal quando dá números positivos e desperta a atenção, mas tem um lado que estressa demais. Fazer um programa gravado é muito mais tranquilo. Eu tenho pena do Gugu, do Faustão, que apresentam programa no domingo e têm que dar audiência. Aí é complicado, é exaustivo.

iG: Mas é justamente isso que você quer fazer, não?
Datena:
Sim, é a minha ideia. Mas passar por um momento de exaustão no domingo é melhor do que passar por momentos de exaustão a semana inteira. É um pelotão de fuzilamento a semana inteira, é muito coisa, é sobrecarga. Eu acho que os caras estão me usando como cobaia pra ver se dá certo fazer alguma coisa mais pra frente.

iG: Chegou-se a comentar que você estava sendo ameaçado de seqüestro. Como você lida com isso?
Datena:
Eu não lido! Se um cara quiser te matar, ele te mata, é difícil o cara não te matar. Por isso eu não lido. A última vez que a policia me avisou, eu não fiz nada, a polícia que tomou providências. A polícia me ligou dizendo que os caras iriam me sequestrar no quilômetro tal, no horário tal, que batia totalmente com os meus horários e informando os carros que os ladrões tinham roubado no Pará e tal. Sinceramente, aprendi a conviver com isso depois de tantas ameaças. Mas cão que ladra não morde: eu não tenho medo de ameaça e sim de quem não ameaça.

style=width:Foto: André Giorgi  Datena e o diretor do game show "Quem fica em pé?", o argentino Pablo Mazover  Datena e o diretor do game show "Quem fica em pé?", o argentino Pablo Mazover

Das atitudes que eu já tomei, não me arrependo de nenhuma. Posso ter tomado algumas erradas, mas não sou covarde

 iG: Como você é em casa, nas suas horas vagas?
Datena:
O Datena de casa eu deixo em casa! Sou um cara normal como todo mundo: escovo os dentes, vou ao banheiro, etc. Mas em casa eu gosto de ler, leio muito, e não vejo televisão aberta. Só documentários e canais fechados.


iG: Fazendo um paralelo com o seu programa de entretenimento, em qual momento da sua vida você caiu no buraco?
Datena
: Não caí em nenhum momento! Jamais, porque eu tenho muita fé em Deus e para mim não existe buraco. Acho que as pessoas que caem precisam levantar-se imediatamente. Eu me levanto com a minha fé e não fico olhando para trás. Das atitudes que já tomei, eu não me arrependo de nenhuma. Posso ter tomado algumas erradas, mas não sou covarde a ponto de ter responsabilidade de covardia sobre a minha consciência. A pior coisa que tem é uma consciência covarde e isso eu não tenho. Se eu fiz errado, me desculpo, sigo em frente e tento recuperar o terreno perdido.

style=width:Foto: André Giorgi  No período em que ficou separado da mulher, Datena morou com a jornalista Mirtes Wiermann, com quem teve dois filhos: Marcelo e Letícia Wiermann.

iG: E o que te faz perder o chão?
Datena:
Nada! Eu vou seguindo a vida e acredito muito em Deus. Eu tenho meus momentos de fraqueza, mas com a minha fé eu supero todos com tranquilidade.

iG: O prêmio do game show é de R$ 100 mil. Você se lembra como foi ganhar seus primeiros 100 mil reais?
Datena:
Não, mas eu lembro que ganhei R$ 100 mil ontem, serve?
 

IG

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