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O Inseparável Amor de Deus, por Francivaldo da S. Sousa (Vavá)

O Natal, recorda-nos de que há um vínculo, uma aliança de amor indestrutível entre o homem e Deus.

Por Redação Diário

22/12/2020 às 13h37 • atualizado em 22/12/2020 às 13h40

O Inseparável Amor de Deus

Presente e atuante em toda a história humana, anunciado pelos profetas e testemunhado em cada acontecimento salvífico da história de Israel, o amor de Deus é totalmente revelado somente naquela plenitude dos tempos, em que Ele envia o seu Filho (cf. Gal 4,4). Esse evento está descrito de maneira breve, mas profunda, na tão conhecida formulação joanina: “O Verbo se fez carne” (Jo 1,14). Mas o que isso quer dizer?

Ao interrogar-se porque é que o Verbo se encarnou, o Catecismo da Igreja responde, antes de tudo: “Para que assim conhecêssemos o amor de Deus” (CIgC, n. 458). Agora já não é qualquer mensageiro que fala em nome de Deus, é o próprio Filho. Através dEle – da sua vida, dos seus atos e palavras – o Pai nos fala do seu amor: “Nisto se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo” (1Jo 4,9). O eterno amor de Deus, em Jesus, tornou-se “carne”, personificou-se. E isso se deu de maneira única e irrepetível. Aqui está o primeiro significado da asserção joanina.

Há, ademais, outro sentido nessas palavras. E isso parece ter sido compreendido por São Paulo de uma maneira admirável. Depois de indagar: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada?” (Rom 8,35), o mesmo Apóstolo responde em seguida: “Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida […], nem o presente nem o futuro […], nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (vv. 38-39).

Não raras vezes, ao nos remetermos a esse texto paulino, nossa atenção se fixa somente na constatação de que nada nos separa do amor de Deus, ignorando a sua fundamentação cristológica: “manifestado em Cristo Jesus”. Dito de uma maneira mais simples. O que aconteceu na Encarnação do Verbo foi a união definitiva das naturezas divina e humana. E foi, precisamente a partir desta hora, que o amor Deus tornou-se inseparável do homem. Sim! Uma vez que o Verbo se fez carne, ocorreu uma espécie de fusão entre o amor de Deus e a humanidade. Por causa disso é que os dois são indissolúveis.

O Natal, portanto, recorda-nos de que há um vínculo, uma aliança de amor indestrutível entre o homem e Deus. Desde o momento em que o Verbo se encarnou, foi “derrubado o muro de separação” (Ef 2,14), de modo que nem mesmo a morte pode reerguê-lo.

Gostaria de concluir esta breve reflexão observando o seguinte: dentre as coisas mencionadas por São Paulo, incapazes de nos separar do amor de Deus, estão a tribulação, a angústia, os perigos… a morte. Nestes tempos de pandemia (mas não somente por isso), como não enxergar essas duras realidades presentes em muitos contextos? Em tão dolorosa prova, fixemos os olhos no Amor Encarnado. Deixemos que Ele renove a nossa esperança e nos dê o seu consolo.

Envolvidos por tantas notícias funestas que diariamente nos chegam, ouçamos, como sendo dirigidas também a nós, as palavras do Anjo aos Pastores: “Não temais! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor” (Lc 2,10-11). Por Ele e com Ele podemos dizer: “Nada pode nos separar do amor de Deus!”

Francivaldo da S. Sousa (Vavá)
Membro da Comunidade Católica Remidos no Senhor
Teólogo

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