Tite cita Rivellino e aprova críticas a Pato: Tem de sentir a carne queimar

As críticas sobre o atacante Alexandre Pato só aumentaram desde a última quarta-feira, quando ele tirou a torcida do Corinthians do sério ao tentar uma “cavadinha” diante do goleiro Dida, do Grêmio, desperdiçando a última cobrança de pênalti do Timão e eliminando a equipe da Copa do Brasil. Xingado pela Fiel antes, durante e depois do clássico contra o Santos em Araraquara, o jogador se juntou a Emerson Sheik e Romarinho como alvo dos protestos. Para o técnico Tite, algo semelhante ao que aconteceu com Roberto Rivellino.

Conhecido como “Reizinho do Parque”, Rivellino é um dos maiores ídolos da história do Corinthians. Ainda assim, a saída do ex-meio-campista do clube não foi nada agradável. Com o Timão em meio à fila de 20 anos sem títulos, o jogador virou bode expiatório após a perda do Paulistão de 1974 para o Palmeiras. Eleito culpado pela diretoria da época, partiu para o Fluminense.

Ciente das críticas sobre jogadores que já fizeram história no clube, Tite acredita que, muitas vezes, a torcida confunde os retrospectos individuais dos atletas com seus respectivos momentos. O fato de Emerson não estar rendendo atualmente, por exemplo, não tira da história do atacante o fato de ele ter marcado os dois gols que deram o inédito título da Taça Libertadores da América ao Corinthians, contra o Boca Juniors, em julho do ano passado.

– É preciso saber diferenciar momento de história e reconhecimento. Um dia eu vi o Roberto Rivellino falar, chateado, pela forma como ele saiu do Corinthians. Mas se eu conversar com dez torcedores, nove deles, ou até mesmo dez, falarão bem dele. Uma coisa é a paixão pelo clube, outra é a importância do atleta – opinou o técnico.

– O reconhecimento que o Rivellino tem é muito grande. Eu, como um cara de fora, vindo do Sul, via ele como um jogador do Corinthians, e não do Fluminense. Temos de compreender o momento. O torcedor vai ficar chateado comigo, com o Pato, com todos, porque quer vencer. Mas temos de saber diferenciar.

O atacante Romarinho é outro que, de xodó da Fiel, passou a um dos mais perseguidos pelas críticas. Pouco efetivo nesta temporada – marcou apenas seis gols em 2013 – o jogador deixou para trás a fama de ser carrasco do arquirrival Palmeiras e o fato de ter salvado o Corinthians da derrota no primeiro jogo da final da Libertadores no ano passado, recém-chegado do Bragantino.

Já o caso de Alexandre Pato é mais particular. Contratado nesta temporada, o jogador teve raros lampejos de “lua de mel” com a torcida. O principal foi ao marcar o gol de pênalti que eliminou o São Paulo na semifinal do Campeonato Paulista. O último foi na goleada por 4 a 0 sobre o Flamengo, no dia 1º de setembro, quando marcou dois gols e saiu ovacionado, sob aplausos, do Pacaembu. Tite acredita que as críticas sejam necessárias para o crescimento de Pato.

– Nós temos conversado, ele tem absorvido e entendido. Ele está vivendo um momento diferente no Corinthians e talvez na carreira dele. É uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Ele é um menino inteligente e bem aconselhado, mas tem de passar por isso. Tem de sentir a carne queimar, pensar no próprio erro e crescer em cima disso – argumentou.

GE

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