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Adjamilton Pereira

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Vestígios da capital

25/01/2012 às 13h31

Voltar a João Pessoa é sempre um prazer indescritível, sobretudo, para os sertanejos que, por um bom período do ano, convivem com a cinzenta paisagem da caatinga. O verde ainda teima em se manter dominante na cidade, apesar da especulação imobiliária que ameaça engolir o clima bucólico que a urbe busca preservar em alguns cantos que se descortinam no meio da agitação dos carros e de transeuntes apressados. Sacadas de velhos casarões, torres de igrejas coloniais e relógios de antigas construções erguem-se sobre telhados e ladeiras, espremidos entre edifícios e atualidades, como a revelar novidades que sempre existiram.

Conheci João Pessoa já com quatorze anos, em meados da década de 1970. Neste momento, pela primeira vez, vi o mar. A mais forte impressão do lugar foi a exuberância da vegetação que margeava a rodovia a altura do município de Santa Rita. A época, os trilhos dos velhos bondes ainda reluziam no calçamento de pedras polidas pelo tempo nas ruas entre o Teatro Santa Rosa, o Quartel da Polícia e o prédio dos Correios.

Mais tarde, em 1979, vim morar na cidade, como estudante de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba. Como todo estudante do interior, com precários recursos e sem conseguir vaga na residência universitária, fui morar no Castelo Branco. Isso economizava transporte e dinheiro em razão dos baixos preços do aluguel. Vivendo do crédito educativo e de bolsa de Monitoria, que consegui logo nos primeiros períodos do curso, sempre uma a duas vezes por mês, ia ao cinema, no centro da cidade. A paixão pela sétima arte vinha sendo cultivada pela proximidade da residência, em Cajazeiras, na Rua Pedro Américo, ao lado do Cine Pax. A época João Pessoa era uma cidade tranqüila. Muitas vezes a sessão terminava às dez e meia da noite e saia do Cine Municipal caminhando para pegar o coletivo em frente aos Correios, embevecida pela iluminação que emprestava uma áurea de saudade aos prédios antigos de onde se imaginava ouvir sussurros e murmúrios de outros tempos.

Ir a praia era um programa esporádico. O tempo não podia ser desviado dos estudos. O grande estímulo era a fartura da vegetação verde que pululava em todos os cantos da cidade e que, em certas estações do ano, tingiam de amarelo das flores dos ipês, ruas e sonhos. Os cantos dos sabiás ainda proliferam por toda a cidade, até mesmo nos locais mais inusitados, como os postes de iluminação das ruas centrais. Os velhos trilhos do centro da cidade foram soterrados pelo asfalto e a beleza das sessões de cinema no Municipal foi deslocada para a modernidade dos shoppings center e sua atualidade concentrada em lojas e corredores. Até mesmo o Castelo Branco não é mais moradia de alunos interioranos. Afinal, a universidade se interiorizou e a capital teima em preservar o passado e mostrar-se atual com seus enormes edifícios que se espraiam entre Bessa e Manaira.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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