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Adjamilton Pereira

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Porque paramos

30/05/2012 às 18h22

Os argumentos são postos em todas as direções. Aqueles que se posicionam contrários afirmam que a greve acarreta inúmeros prejuízos, sobretudo, com a interrupção do fluxo normal das aulas que adiam planos de tantos que esperam a concretização do ciclo universitário para, com a posse do diploma, buscar vaga no mercado de trabalho ou reclamar melhorias salariais. São justas e inquestionáveis pretensões que, no entanto, não podem ser consideradas apenas como determinantes de um contexto. Existe o reverso dessa situação que tem peso e relevância equivalentes.

A greve atual dos docentes das instituições federais de ensino superior deve ser compreendida, portanto, nesse processo de múltiplas determinações. Temos consciência dos inúmeros percalços que a interrupção das atividades docentes promove, mas eles são mais bem compreendidos quando se considera o papel que a educação desempenha na promoção e na construção do desenvolvimento, da justiça e da equidade social. Somente com educação acessível a toda a população é possível a produção de conhecimentos que superem mazelas sociais, que produzam tecnologias que erradiquem favelas e mocambos, que promovam saberes que combatam epidemias que afetam milhões de pessoas e cujo controle depende, muitas vezes, de uma vacina ou de um antídoto que surge nas pesquisas e nas milhares de horas de estudos, experimentos e investigações que homens e mulheres realizam em centenas de laboratórios espalhados pelas diversas universidades públicas brasileiras.

Outra crítica que, tradicionalmente, se lança contra o movimento de greve dos professores universitários é que estes reclamam apenas melhorias salariais e que são profissionais muito bem remunerados quando se traça quadros comparativos com milhões de trabalhadores brasileiros que sobrevivem no fantástico malabarismo do salário mínimo. Não desconhecemos que o valor do salário mínimo no país é um aviltamento a dignidade do trabalhador e contra essa situação o movimento docente tem uma posição histórica de crítica e de combate. Mas, não se justifica que um professor universitário que se envolve em atividades de ensino, de pesquisa e de extensão e que, ao longo de sua vida profissional, empreende cursos de capacitação como mestrado e doutorado, perceba salários que representa um terço do que recebe um policial federal de quem se exige apenas o ensino médio. Não enveredamos pelo pueril argumento de que o policial está ganhando muito e que deve ter seus salários rebaixados para promover um nivelamento com outras categorias. O que nós defendemos é que todos os trabalhadores tenham condições salariais decentes e capazes de atender as necessidades básicas suas e de suas famílias.

Também não creio que a greve seja um instrumento defasado e anacrônico de luta dos trabalhadores. Ela continua com a mesma atualidade das contradições promovidas pelo capitalismo que amealha seu lucro da exploração da força de trabalho, como nos ensinou o velho Karl Marx na segunda metade do século XIX. E, como nos lembra o filósofo francês Jean-Paul Sartre, o pensamento de Marx continua atual enquanto existir capitalismo.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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