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Adjamilton Pereira

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Para ti, mamãe!

14/05/2012 às 18h05

Como falar em mãe sem buscar como referência os exemplos de força e coragem que as mães expressam no rotineiro exercício de assegurar a manutenção de seus filhos. E, como parâmetro, não posso negligenciar minha mãe que, aos oitenta e dois anos, ainda deseja, embora idealmente, abrigar os seus “meninos” no aconchego de sua proteção. As marcas que o tempo imprimiu em sua fisionomia são reveladoras de tantas noites indormidas velando por algum filho doente. As pernas hoje titubeantes foram decisivas nas largas e cambaleantes passadas até a estrada para aventurar conseguir um veículo que a conduzisse a cidade com um filho em busca de atendimento médico. No rosto a angustia ante a fragilidade humana.

Como não falar de mãe se com freqüência nos enternecemos com as lágrimas que rolam em seu rosto quando os filhos distantes a visitam e se despedem na tranquilidade do alpendre de Impueiras.

Os dias de solidão que a velhice impõe correm no ritmo do balanço de uma cadeira entre uma leitura da Folhinha do Coração de Jesus e jornais Gazeta que, semanalmente, lhe abasteço. As prosas com os amigos que a visitam, sobretudo o cunhado Zé Venga e Xãe, preenchem um pouco os infindáveis dias que se arrastam longos diante de uma ociosidade que as limitações da idade irremediavelmente apresentam como tributo por tantos anos de labuta árdua e incessante. Uma rotina de trabalho e atividade expressa na criação de dez filhos, no trato de uma cunhada que morreu sob seus cuidados, e no zelo do marido com quem esteve em todos os momentos da vida e de quem cuidou quando as limitações da cegueira lhe restringiram as atividades e as habilidades.

Como não ter como referência uma mãe que, titubeando nas palavras em decorrência do pouco estudo, não se acanhava em nos ensinar as primeiras lições e, sobretudo, em se privar de muitos pequenos prazeres para que todos tivessem o mínimo para freqüentar o colégio em Cajazeiras. Pouca leitura, mas muita persistência em rezar suas novenas e cumprir suas promessas. A fala firme, mas levemente acanhada, não a inibia em enfrentar filas intermináveis para, a cada início de ano letivo, matricular os filhos no colégio e, vendendo dúzias de ovos, galinhas e porcos, arrebanhar algum dinheiro que garantia o pão, o pagamento da água e da energia e uma pequena feira que mantinha a todos nós na cidade, embora as saudades da casa materna ameaçassem arrebentar o peito.

Como não render homenagens a minha mãe e, neste dia, dizer que parte da minha vida está entrançada em sua vida. Como não dizer que, mesmo não falando com a freqüência que meu carinho determina o meu amor por ti é mensurado na proporção de toda tua dedicação por todos nós.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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