O que vem após o Carnaval
As cinzas da quarta feira reforçam a ressaca da folia momesca que se esvai entre velhos acordes de frevos, sons eletrizantes de trios elétricos e bandas de forró, amores fugidios que se solidificam e se fragilizam no calor do entusiasmo etílico. Finda a festa que mobiliza o país, novos interesses despertam as atenções. A realidade cotidiana reclama outras temáticas. A mais acalorada delas refere-se às eleições municipais de outubro.
As articulações e conchavos políticos que, até o carnaval, se processavam num ritmo morno e mais no campo das especulações, agora, começam a ganhar o contorno e o calor do debate que, tendo como um dos espaços privilegiados, a mídia e as rodas de fofocas das esquinas das cidades, movimentam as bolsas de apostas e animam as conversas que antecipam quem vai comandar o governo municipal nos próximos quatro anos.
Um clima que traz como principal ingrediente as paixões pessoais e que, muitas vezes, motivam desentendimentos e desavenças que respingam em sólidas amizades, em relações familiares. Tudo porque, nos bastidores e subterrâneos da política brasileira ainda é muito forte a presença de uma cultura política, sobretudo, no âmbito municipal, quando as aproximações tornam-se mais palpáveis, e que transforma interesses coletivos e negócio público em comezinhas que se constroem com as cores e tijolos das trocas de favores, da compra de votos, das pressões por cargos públicos como mercadoria de barganha política.
Em tudo isso, a principal peça do tabuleiro que movimenta as disputas eleitorais num processo de vivência democrática fica negligenciada a um plano de pouca relevância. Como serão aplicados os recursos públicos no atendimento de demandas sociais que, historicamente, em nosso país, crescem na dimensão das filas pelo atendimento em hospitais públicos, na carência de equipamentos e laboratórios que permitam a construção de diagnósticos mais precisos, de estradas pavimentadas, livrando do atoleiro grandes espaços geográficos, de segurança e moradia para milhões de brasileiros espremidos em vielas, favelas e mocambos emoldurados pelo cenário dos sons e tons das balas do narcotráfico.
O debate eleitoral do processo sucessório municipal pouco traz de consistente na discussão dos problemas que afetam o cotidiano dos nossos municípios, sobretudo, os de pequena e média projeção. Nestes, os interesses são canalizados para os apoios e as alianças que já antecipam os novos pleitos. E tudo acaba na festa da apuração que, na agilidade das urnas eletrônicas, não conseguiu ainda transformar as práticas que antecipam o processo eleitoral.
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