header top bar

Edivan Rodrigues

section content

O futuro da Venezuela

02/02/2010 às 09h40

Por Francisco Cartaxo

Em 18 de fevereiro de 2009, portanto, há quase um ano escrevi neste espaço, sob o título “Caminho da perdição”, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entrara em desvio perigoso, ao insistir em buscar indefinidas reeleições, mediante reforma da Constituição. O que afinal foi conseguido por meio de plebiscito aprovado em 2009. Naquela ocasião, comentei que:

“A Venezuela (916 mil km2 e 28 milhões habitantes) exibe brutal desequilíbrio social e regional de renda, causado pelo processo histórico de formação econômica, agravado pela forma de apropriação dos resultados da exploração do petróleo, sua maior riqueza, que em muitas décadas foi origem de enriquecimento e poder de grupos da elite. Só deles. Com Hugo Chávez, a Venezuela avança na redução desses desníveis, por meio de investimentos em infra-estrutura e programas de inclusão social. Aboliu o analfabetismo e tenta incorporar populações marginalizadas às atividades econômicas. Daí vem sua forte base de apoio popular. O petróleo alimenta sonhos megalômanos de Chávez e lhe inspira bravatas dirigidas ao governo americano. A receita do petróleo fez-se também arma eficaz para Chávez exercer liderança na América Latina, através do apoio a Cuba, Argentina, Bolívia, Equador e quase todos os países da América do Sul e Caribe.”

“Hoje, a Venezuela sofre os efeitos das oscilações brutais nos preços do petróleo. Na política interna Chávez não logrou vitória indiscutível no pleito para governadores e prefeitos, ano passado, tanto que oposição e governo se arvoram em vencedores. Mesmo assim, Hugo Chávez insiste em novo referendo constitucional que lhe permita reeleições sem fim. Marcado para domingo próximo, dia 15, tal consulta eleitoral acirra as divergências e atrai simpatias para opositores, o que atrapalha os planos de Chávez. Seu mandato atual vai até 2012. A idéia fixa de continuar na presidência da Venezuela pode ser o caminho da perdição. E um péssimo exemplo.”

Não precisava ser profeta. Os fatos recentes comprovam a previsão. É visível, hoje, a perda de apoio do regime de Hugo Chávez junto à classe média e entre antigos aliados. E também junto aos mais pobres. No âmbito externo, sua posição já foi mais confortável, notando-se um esfriamento nas relações com países amigos, sem contar recentes mudanças na correlação de forças políticas e ideológicas no cenário latino-americano, com destaque para o resultado das eleições chilenas deste mês.

O caminho adotado até agora pelo presidente venezuelano tende a agravar sua própria situação. O uso métodos arbitrários para enquadrar os meios de comunicação social e reprimir manifestações de ruas para conter insatisfações localizadas é demonstração de fraqueza, ao contrário do que aparenta. A morte de estudantes em conflitos abertos com forças policiais, com imagens transmitidas pela televisão, traz à memória os traços mais deprimentes dos regimes que precisam usar a força para manter-se, ao invés do salutar diálogo como instrumento democrático. Meio, aliás, desejável para inibir tensões sociais e reduzir conflitos políticos. Tudo isso empurra a Venezuela ao caminho da perdição. Cada vez mais.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: