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Edivan Rodrigues

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Muro de Berlim, 50 anos depois

15/08/2011 às 13h53

Berlim. O Muro de Berlim não era apenas um muro. Nem era só de Berlim. Pertence ao mundo, à história da humanidade, infelizmente, no que ela tem de mais abominável: as guerras ativas ou dissimuladas. Ao separar, em 1961, de modo absoluto, uma cidade secular, semidestruída pela Segunda Guerra Mundial, o Muro virou o símbolo mais notável da Guerra Fria. Na realidade, ele era muito mais do que uma parede de cimento, tijolo, cal, areia e pedra. Era uma estreita faixa de terreno de diferentes formatos. Entre eles o de um muro mesmo, construído com materiais diversificados, tendo ainda armadilhas, tais como cercas de arame farpado, valas e outros obstáculos. Tudo para impedir a passagem de pessoas do lado Leste para o Oeste.

Aqui e acolá, ao longo da fronteira, foram erguidas torres de observação e controle, edificadas ao longo de mais de 40 km que circundavam o núcleo ocidental da cidade de Berlim, sem obedecer a qualquer padrão estético ou de arquitetura, numa demonstração do improviso que caracterizou o processo de separação física, acintosa entre dois mundos divididos de maneira brutal. Quanta ironia, o improviso era praticado, exatamente, pelo regime que pregava a excelência da planificação centralizada!

Não pense o leitor que falo dessas coisas pela mania de remexer no passado. Muito menos por preconceito ideológico ou coisa que o valha. Nada disso. É que aqui em Berlim a gente se depara, a todo o instante, com marcos que o lembram, em particular, agora, quando se comemora 50 anos da construção do Muro, iniciada na madrugada de 13 de agosto de 1961. Há cartazes alusivos à data, expostos em vários locais, chamando a atenção para os aspectos perversos dos regimes que desprezam a liberdade como um valor universal. A comemoração, cuja data chave ocorre neste sábado, dia 13, foi um pretexto que me proporcionou escutar narrativas de pessoas que viveram o momento da queda do Muro em 1989. Narrativas carregadas de emoção, 22 anos depois, porque o episódio marcou os moradores daqui, sobretudo os do Leste da hoje capital da Alemanha reunificada.

Entre os eventos comemorativos, destaco a interessante exposição de fotografias: “De outro ponto de vista – O início do Muro de Berlim”. São mais de 300 fotos, encontradas por acaso, nos anos de 1990, quando o fotógrafo Arwed Messmer e a pesquisadora Annett Gröschner realizavam trabalho para um museu de Berlim. Não se trata de obra de arte. São pedaços da história da humanidade, burocraticamente documentada. Quem teria batido as fotos? Não se sabe. O mais provável é que tenham sido tiradas por guardas da antiga Alemanha Comunista no desempenho de tarefas rotineiras de controle nas cercanias do Muro. Segundo quem encontrou os negativos, estes foram deixados sem nenhuma identificação em uma caixa jogada em meio aos arquivos militares na cidade de Potsdam. Ali os negativos foram descobertos, muitos anos depois, e recuperados recentemente pelo profissional citado. Fui lá conferir essa aula prática de história política do mundo.
 

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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