Caem as máscaras
As recentes denúncias de envolvimento de parlamentares com contraventores revelam a faceta mais obscura da política brasileira. O que mais impressiona é a participação de políticos que, nos últimos anos, sobretudo, durante o governo do Presidente Lula, vestiam a indumentária de paladino da justiça e da retidão, alardeando, com voracidade e raiva, as feridas que a corrupção e a falta de ética de ocupantes de cargos públicos ou detentores de mandatos legislativos praticavam no exercício de cargos e de mandatos.
Historicamente, o Brasil sempre foi marcado pelo patrimonialismo, ou seja, pela inversão de atribuições e responsabilidades, com o Estado sendo encarado como lócus para a construção de riquezas pessoais, para o favorecimento político de grupos e oligarquias, para a apropriação de recursos e serviços convertidos em moeda de barganha eleitoral.
Essa situação que, historicamente montada, vem sendo, paulatinamente, transformada à medida que o país vai amadurecendo suas instituições políticas, vai consolidando a vivência democrática, vai fortalecendo suas instancias jurídicas e vai dando sustança a uma prática social assentada na valorização do cidadão enquanto sujeito fiscalizador dos bens e serviços públicos e das ações dos seus representantes políticos. Uma situação que carece também de uma imprensa livre e com autonomia para denunciar as irregularidades e servir como espaço para que os cidadãos tenham acesso as informações produzidas de forma imparcial e com critérios éticos.
No entanto, o que se observa nos últimos anos, no Brasil, sobretudo, quando se analisa o tratamento dispensado pelos meios de comunicação e por parlamentares de partidos de oposição ao governo do Presidente Lula e, mais recentemente, da presidente Dilma, é uma posição claramente assumida de crítica antecipada que, numa linguagem mais rasteira, pode ser traduzida em preconceito. É nítida a presença de certo rancor e um manifesto desprezo por um governo que, democraticamente eleito, não foi ungido pelas elites dominantes. Um governo que, como o do Presidente Lula, nasce no calor das lutas operárias, nas frases desarticuladas do povo, no gosto da cachaça e das festas juninas em que, embaixadores, ministros, autoridades, dançam o forró nos jardins antes embalados pelas valsas e melodias palacianas.
Hoje, quando os algozes de ontem aparecem com suas mascaras vestais carcomidas pela corrupção, pela aliança com a criminalidade, pela utilização dos mandatos como caminho de favorecimento pessoal e de amigos, nos faz lembrar o que a sabedoria popular nos ensina na mais tenra infância: “a de que macaco não olha para o rabo”. A corrupção é uma prática que, no Brasil, não se extingue com brados raivosos contra governos populares. Ela enfraquece a medida que se fortalece a população com saúde, educação, trabalho, moradia, segurança, alimento, dignidade.
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