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Radomécio Leite

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“Sou livre, sou Léo”

20/05/2011 às 22h44

RENÚNCIA

Chora de manso e no íntimo… procura
Tentar curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será ela só tua ventura…

A vida é vã como a sombra que passa
Sofre sereno e de alma sombranceira
Sem um grito sequer tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira…

Manuel Bandeira

“Sou livre, sou Léo” era o grito que ecoava na cidade e no campo e nos corações da maioria do eleitor cajazeirense, na memorável campanha de 2008, na qual saiu vitorioso, como símbolo de renovação e esperança, o jovem médico Léo Abreu, como prefeito da cidade de Cajazeiras.

Passado dois anos, cinco meses e dezesseis dias ele renuncia ao seu mandato, quando ainda existia no ar um eco daquele valoroso grito: “sou livre, sou Léo”, que simbolizou a liberdade do eleitor cajazeirense.

Neste último dia 16 de maio, só uma única pessoa gritava para todos os recantos do município, era o prefeito Léo Abreu. Seu brado retumbante ecoava nos corações e nas mentes de todos os filhos de Cajazeiras: “sou livre, sou Léo”; “sou livre, sou Léo; “sou livre, sou Léo”.

Era o grito que simbolizava a sua renúncia, era sua a libertação.
Não devemos julgar a vida dos outros, porque cada um de nós sabe de sua própria dor e renúncia. Uma coisa é você ACHAR que está no caminho certo, outra é ACHAR que seu caminho é o único! Dr. Léo escolhera um novo caminho ou o retorno às velhas e saudosas trilhas dos corredores e salas de cirurgias dos hospitais.

“Não há amor, sem dor,
Não há sentimento sem renuncia,
Não há paixão, sem riscos,
Não há ninguém que exista
Sem amar,
Sem Amor,
Sem calor,
Sem dor”.

Talvez, a paixão pela política, que é um ato permanente de renuncia e de doação às causas do povo, tenha sido superada pelo desencanto e pela dor e outra paixão, com certeza, aflorou com mais vigor e força em sua vida: o exercício da medicina, a paixão por salvar vidas.

Diante deste quadro de frustração que a sociedade cajazeirense vivencia e experimenta, todos nós esperamos que este ato praticado por Dr. Léo se insira tão e exclusivamente na seara do seu coração e que a renúncia tenha sido, unicamente, de foro íntimo. E que este gesto não possa ir de encontro ao que o santo que deu o maior exemplo de renuncia, pregava, São Francisco de Assis, “o homem não deve nunca renunciar aos seus valores humanos e morais”.

Prefiro, quero e aceito a razão apresentada por Dr. Léo para justificar a sua renúncia e nunca algumas hipóteses que estão sendo divulgadas nas rodas de conversas da cidade, porque entendo que renuncia é comunhão, é escolha. Renuncia também é uma grande cruz, que se mal explicada, o seu dono a carregará por todos os dias da sua vida.

Assim como Dr. Léo é livre, os cidadãos cajazeirenses possuem também a liberdade de fazer o julgamento deste seu gesto e será este julgamento que vai ficar para a História.
 

Radomécio Leite

Radomécio Leite

Contato: [email protected]

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