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VÍDEO: Mulher acusa HRC de negligência no caso da morte de sua irmã após parto; hospital responde

A irmã da paciente acredita que se médico tivesse permanecido mais tempo com ela, seria possível evitar a morte. Ela também critica falta de oxigênio no alojamento

Por Jocivan Pinheiro

16/01/2019 às 14h14 • atualizado em 16/01/2019 às 14h46

A irmã da dona de casa Patrícia da Silva Bezerra, que faleceu nesta segunda-feira (14) no Hospital Regional de Cajazeiras, seis dias após ter ganhado neném na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, acusa a equipe médica de plantão de ter sido negligente com o caso.

Segundo Elizabete Bezerra, o médico que atendeu sua irmã deveria ter permanecido observando ela. No entanto, após realizar os procedimentos necessários mediante a primeira parada cardiorrespiratória de Patrícia, o médico teria saído para atender outras pacientes. A irmã de Patrícia acredita que se o médico tivesse permanecido mais tempo com ela, seria possível evitar a morte.

“Isso foi falta de atendimento. Minha irmã ficou lá desprezada. Porque eu acho que quando uma pessoa está internada, o médico tem que está lá olhando como é que a paciente está”, disse Elizabete, que também reclama da falta de oxigênio na sala onde sua irmã passou mal.

“De repente ela passou mal, disse que estava com uma dor no coração e não estava vendo mais nada. Foi aí onde eu me desesperei e fiquei tentando reanimar ela. Saí gritando no corredor, chamei o médico, ele veio e levou ela. Lá na maternidade e no hospital tem uma sala de oxigênio, só que eles ficam pegando equipamentos de um canto para outro. Isso tem que estar tudo numa sala só para quando uma pessoa passar mal, dar tempo socorrer”.

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Patrícia da Silva Bezerra no alojamento do Hospital Regional de Cajazeiras

Resposta do hospital

Em contato com o Diário do Sertão, o assessor de comunicação do HRC, Daniel Oliveira, afirmou que a equipe médica agiu de forma rápida. “Foram 45 minutos de tentativas de reanimação, porém sem êxito”.

Quanto ao oxigênio, Daniel explica que o HRC dispõe de O2 canalizado por todas as enfermarias. Porém, não existia O2 no local onde a jovem estava porque se trata de um alojamento.

“Ela estava de alta médica há dias. Estava apenas aguardando a alta médica do bebê que estava na UCI”, disse o assessor. “Nós temos cilindros de oxigênio em vários locais no HRC”, completa.

Elizabete faz ainda outra queixa. Segundo ela, a assistente social de plantão no HRC teria dito que o hospital não é responsável pelo translado do corpo para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Diante disso, Elizabete procurou ajuda na Secretaria Municipal de Saúde, que providenciou o carro de uma mortuária para realizar o serviço.

Patrícia da Silva Bezerra, de 31 anos, faleceu seis dias após parto

Resposta do hospital

“Quando não é possível o médico do hospital identificar a causa-morte de um paciente, o profissional não pode assinar uma declaração de óbito. Como se trata de uma paciente que faleceu de forma natural, de um motivo não aparente, esse caso não é enviado para o IML como acontece em casos de mortes violentas. Neste caso, o corpo vai para o SVO – Serviço de Verificação de Óbito. Lá é feita uma investigação da real causa da morte. No tocante ao translado, realmente não é de competência do hospital, mas fica a cargo da família (quando existe possibilidade de um serviço pago). Quando não existe a possibilidade de custeio, a parte do translado, automaticamente, é feita pela Prefeitura Municipal (Secretaria de Saúde)”, disse o assessor Daniel Oliveira.

Na maternidade

Elizabete também faz críticas à estrutura da Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, afirmando que não há lençóis suficientes e que o local sofre com descaso.

Sobre essa queixa, Daniel Oliveira justifica que “a questão dos lençóis é um tanto que repetitiva. Muitos lençóis são levados do hospital e acabam defasando o quantitativo. O desgaste também coopera muito para o problema, pois é alta a rotatividade da parte da rouparia. Os lençóis são lavados a uma temperatura de quase 130 graus. Isso desgasta muito. Mas já estamos comprando mais lençóis para a reposição.”

Elizabete chora ao recordar da irmã

Luto e união familiar

Com o falecimento precoce, Patrícia da Silva Bezerra deixa, aos 31 anos de idade, quatro filhos que, agora sem a mãe, ficarão sob a responsabilidade dos familiares.

“Nós estamos tentando ver se eu fico com o pequenininho, que ele saia bem da maternidade, e vamos revezando para cuidar dos outros, porque é nessa hora que a família tem que estar junta”, falou Elizabete.

“Eu amava ela. A gente era muito unidas. Quando eu me lembro que minha irmã estava sentada na cama e nós estávamos conversando, felizes, e minha irmã passou mal e eu não pude fazer nada por ela. Eu perdi minha irmã. É muito difícil perder alguém assim que a gente gosta”, completou.

Maternidade Dr. Deodato Cartaxo, em Cajazeiras

Hospital Regional de Cajazeiras emite nota dando mais esclarecimentos sobre o caso

Diante da repercussão, gerando matérias em sites e blogs de notícias, dando conta de que uma jovem de 31 anos de idade teria vindo a óbito no Hospital Regional de Cajazeiras devido complicações no pós-parto, se faz necessário alguns esclarecimentos:

1 – A paciente Patrícia da Silva Bezerra, da cidade de Cajazeiras-PB, deu entrada no dia 09-01 2019 e passou por um cesariana.

2 – A paciente, já de alta, aguardava no alojamento do hospital apenas a alta médica do seu bebê que se encontra em observação na Unidade de Cuidados Intermediários quando, em dado momento, sentiu-se mal e solicitou socorro.

De imediato, a equipe médica de plantão realizou a intervenção, conduzindo a paciente até a UTI onde foram realizados os procedimentos e manobras de reanimação cardiopulmonar, porém sem êxito.

3 – A causa da morte da paciente será minuciosamente investigada.

4 – Vale salientar que a Paraíba vem ao longo dos anos sem medir esforços para reduzir os índices de morte materna.

A Direção do Hospital Regional de Cajazeiras se encontra à disposição para qualquer esclarecimento.

DIÁRIO DO SERTÃO

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