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VÍDEO: Em sua única entrevista, resgatada pela TV Diário, Erica chora ao relembrar trajetória e superação

Em 2020, aventurou-se na política local como candidata a vereadora, integrando a chapa liderada, na época, por Marquinhos Campos.

Por Redação Diário

11/12/2025 às 19h37

A cidade de Cajazeiras e o Sertão paraibano estão em luto pela morte de Erica Duarte, aos 32 anos, ocorrida na tarde desta terça-feira (9). Conhecida por sua atuação como subgerente comercial e por seu engajamento social, Erica faleceu no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande após um agravamento em seu quadro de saúde. Sua partida repentina causou profunda comoção.

Erica Duarte não era apenas uma figura conhecida – ex-Rainha do Carnaval por três anos consecutivos – e atuante no meio comercial; ela era uma militante dos movimentos sociais e da proteção animal. Em 2020, aventurou-se na política local como candidata a vereadora, integrando a chapa liderada, na época, por Marquinhos Campos.

A jornada de vida: Superação e legado – Em uma homenagem, a TV Diário do Sertão resgata, no quadro ARQUIVO DIÁRIO, a única entrevista concedida por Erica, durante sua campanha para vereadora em Cajazeiras. O depoimento, carregado de emoção, revela a força de uma mulher que se definiu como a “mulher negra, mãe, solteira” que superou as “diversas batalhas” impostas pela vida.

Erica Duarte foi candidata a vereadora em 2020 (Foto: Diário do Sertão)

Formada em Língua Portuguesa pela UFCG, a trajetória de Erica começou no Bairro São Francisco, onde cresceu como filha de “pais analfabetos.” Essa realidade lhe impôs uma maturidade precoce.

“O senso de responsabilidade chegou bem mais antes do que deveria,” relatou na entrevista, lembrando-se de como precisava ajudar os pais a ler os preços na feira e a identificar o transporte correto, inclusive durante o período em que residiu em São Paulo.

Apesar das limitações financeiras – citadas por ela como uma das maiores dificuldades –, Erica reconhecia o valor e o esforço de seus pais, que eram para ela “um grande homem e uma grande mulher” por terem feito tudo o que estava ao alcance para que os filhos “pudessem crescer bem.”

O depoimento de Erica, carregado de emoção, revela a força de uma mulher (Foto: Diário do Sertão)

Da desistência ao espelho comunitário – A busca por educação foi marcada por obstáculos. Erica revelou que chegou a iniciar um curso no IFPB, mas teve que desistir por não conseguir manter a rotina de ir a pé diariamente do Bairro São Francisco, uma jornada longa e exaustiva. “Eu não tinha transporte… Por vários outros detalhes, eu tive que desistir,” lamentou.

Contudo, essa interrupção não impediu sua vitória acadêmica. A conclusão do Ensino Médio e, posteriormente, do Ensino Superior, era para Erica uma prova de ser “vitoriosa em muitas e muitas batalhas.”

Sua conquista teve um impacto direto na comunidade. Erica foi a primeira aluna da Escola Galdino Pires Ferreira a ser aprovada no IFPB. Seu sucesso transformou-se em um farol, incentivando outros jovens do bairro periférico.

“Eu servi como espelho para minha escola,” afirmou.

Ao retornar à unidade de ensino como estagiária, ela sentiu a emoção de ser uma “referência” para as crianças. Questionada sobre onde morava, ela reforçava: “Eu moro aqui,” enfatizando que a possibilidade de sucesso é real para todos.

Erica Duarte, que sempre foi “muito política na minha vida,” buscava na esfera pública a chance de retribuir, resumindo seu objetivo: “Hoje é ajudar o tanto que eu fui ajudada por tantas pessoas.”

Erica Duarte enfrentava um quadro de saúde delicado há semana. (Foto: Diário do Sertão)

O agravamento do quadro clínico – Erica Duarte enfrentava um quadro de saúde delicado há semanas. Em novembro, após diversas idas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), foi transferida para o Hospital Regional de Cajazeiras. A vendedora teve um diagnóstico inicial de pneumonia e, em seguida, descobriu um nódulo na região do abdômen que necessitaria de intervenção.

Após um período de internação, Erica chegou a evoluir e recebeu alta no dia 25 de novembro para seguir o tratamento em casa, no bairro de Tecedores. No entanto, o quadro se agravou rapidamente.

Na mesma semana, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória em casa, sendo reanimada pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e levada novamente ao Hospital Regional, onde permaneceu intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Diante da gravidade, Erica foi transferida no domingo (7) para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Apesar dos esforços intensos da equipe médica, que atualizava a família diariamente, ela não resistiu, vindo a óbito nesta terça-feira (9). A causa oficial da morte não foi detalhada.

Sua trajetória, marcada pela luta, força e dedicação, é um legado de que a origem humilde jamais define o limite da capacidade. A voz de Erica silenciou, mas sua história continuará a ecoar como inspiração em Cajazeiras.

DIÁRIO DO SERTÃO

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