Crianças de escola da PB descobrem asteroide e vão ao DF receber medalhas; vakinha busca recursos para viagem
Para o grupo participar do evento na capital federal, a comunidade escolar criou uma campanha de arrecadação pela internet para custear as passagens do professor e da turma de alunos
Um grupo de 10 crianças da Escola do Bem Viver, localizada no bairro de Água Fria, em João Pessoa, será premiado na próxima semana, em Brasília, pela descoberta de um novo asteroide no espaço. Liderados por Welton Dionísio da Silva, doutor em Biologia e professor de Astronomia, os estudantes — que têm idades entre seis e nove anos — foram convidados pelo Programa Caça Asteroides para receber medalhas no dia 9 de novembro, às 13h30, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Para o grupo participar do evento na capital federal, a comunidade escolar criou uma campanha de arrecadação pela internet para custear as passagens do professor e da turma de alunos. A meta da vaquinha on-line (disponível no site https://www.vakinha.com.br/vaquinha/premiacao-caca-asteroide-de-brasilia-teimosa-p-brasilia) é atingir R$ 22 mil.
Welton lembra que soube do Caça Asteroides, iniciativa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a International Astronomical Search Collaboration (IASC), no ano de 2022. Interessado em participar do programa, que visa incentivar a popularização da ciência e descobertas originais por parte de astrônomos amadores, o professor tentou montar uma equipe com estudantes mais velhos, mas não obteve sucesso.
Quando começou a ministrar sua oficina de Astronomia na Escola do Bem Viver e percebeu o entusiasmo dos pequenos alunos em relação ao tema, Welton solicitou autorização dos pais delas para cadastrá-las no projeto, que também conta com apoio da agência espacial norte-americana Nasa e permite às equipes inscritas analisar imagens do céu para identificar asteroides, por meio de uma plataforma digital. “As crianças tiveram a oportunidade de analisar imagens, em alta resolução, do céu noturno, capturadas por um telescópio no Havaí, utilizando um software. Como o aplicativo permite a identificação de pontos em movimento, uma aluna achou esse asteroide”, relata o professor.
Marina Rocha é uma das estudantes da escola pessoense que pretende viajar a Brasília na próxima semana. Ela confessa seu apreço pelas atividades com Welton, com quem aprendeu, por exemplo, que as estrelas não são feitas de fogo, e sim de gases. “Gosto muito de fazer experimentos de ciência”, conta. Já Amelie Ferreira comemora poder ter visualizado o planeta Júpiter na oficina. “Eu acho muito interessante a Astronomia”, avalia.
Para transmitir conceitos relacionados à formação do universo a um público tão jovem, o professor costuma explorar atividades lúdicas e multidisciplinares. “Construo jogos didáticos com os alunos, como também fazemos alguns experimentos de ciência. Realizamos também jogos de RPG, em que as crianças constroem personagens”, explica.
MAIS FOTOS: (reprodução/Instagram/escoladobemviver_)
Protagonismo
De acordo com Ana Paula Ferreira, diretora da Escola do Bem Viver, a instituição, que se dedica à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental, foi criada com o propósito de romper com paradigmas tradicionais dos sistemas de ensino, alicerçando-se em práticas coletivas de autogestão. “É uma escola que constrói junto com a criança, estimulando seu protagonismo, mas tendo o professor como mediador. Nossa inspiração é a educação libertadora, a partir da perspectiva de Paulo Freire e dos ensinamentos de Célestin Freinet, que reforçam a convicção de que a vivência escolar deve ser pautada na cooperatividade e que a emancipação das crianças deve ser uma prática pedagógica”, afirma.
Além de oferecer oficinas de práticas diversas, como kung fu, capoeira e ioga, a Escola do Bem Viver aborda temas históricos, sociais e culturais variados, como diversidade religiosa e sexual, feminismo, veganismo, antirracismo, família e trabalho.
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