VÍDEO: Com 101 anos, idosa de Cachoeira relembra invasão de cangaceiros e transformações no Sertão da PB
Antônia Rodrigues da Souza, moradora do Distrito de Baixa Grande, comemorou, no dia 25 de setembro, 101 anos de uma história marcada pela superação dos desafios e pela alegria de um viver simples ao lado de familiares e amigos
Vamos conhecer hoje a história de uma sertaneja que ultrapassou um século de vida. Antônia Rodrigues da Souza, moradora do Distrito de Baixa Grande, no município de Cachoeira dos Índios, Alto Sertão paraibano, comemorou, no dia 25 de setembro, 101 anos de uma história marcada pela superação dos desafios e pela alegria de um viver simples ao lado de familiares e amigos.
Filha de Maria Pinheiro e Pedro Rodrigues da Silva, dona Antônia nasceu no dia 25 de setembro de 1924, uma década marcante na história. No Nordeste, Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará, era o principal conselheiro do povo sertanejo e a fama das invasões dos cangaceiros faziam o povo temer, até nos povoados mais tranquilos.
Foi nesse contexto histórico que dona Antônia viveu a sua infância. Mesmo com a fragilidade física, ela recebeu nossa reportagem em sua casa para um bate-papo onde lembrou fatos marcantes de sua biografia e se emocionou com o carinho da família.
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“O tempo de antigamente não era como hoje, era diferente. Trabalhava na roça, trabalhava em casa ajudando minha mãe. Na roça trabalhava com uma enxada, era pesado. Plantava milho, feijão, arroz e algodão também”, recorda a idosa.
A memória de quem já passou de 100 anos, às vezes acaba falhando, mas as lembranças do trabalho árduo permanecem. “Meu casamento foi aqui, me casei aqui em casa, a festa foi grande, teve poucas coisas, porque não era como hoje, teve um jantar, e tiveram muitos convidados. Graças a Deus minha saúde está boa para minha idade. Sou feliz, graças a Deus. Sou devota de Nossa Senhora e rezo todos os dias para ela”.
Ela, inclusive, lembra que um homem chamado Raimundo Cassimiro e o filho dele, Francisco Cassimiro, foram brutalmente assassinados durante a passagem de um bando com cerca de 22 cangaceiros liderados por Sabino Gomes em Baixa Grande.
“Quando diziam ‘lá vem os cangaceiros’, nós arrancava no mundo. Mataram um pai e um filho, quando o velho ia chegando da roça, aí quando o velho falou, falaram ‘mata o velho’, aí mataram o velho. Ganhavam o mundo e ia lá pras Capoeiras. Eu era uma menina levada, ainda me lembro desse tempo”.
Viúva há mais de 21 anos, dona Antônia era casada com José Pinheiro de Souza. Da união, teve 10 filhos, mas somente 3 sobreviveram: Assis, Maria e Alzira. A família cresceu e hoje ela tem seis netos, dez bisnetos e dois tataranetos.
“Antigamente eu tinha uma bodega, que vendia de tudo. Meu esposo ia pra Cajazeiras e eu ia junto com ele, ficava do lado dele. Eu vendia ovo em Cajazeiras, lá em Arcanjo, vendia muitos ovos. Ia a pé de Baixa Grande a Cajazeiras, levava os ovos em um jumento. Era melhor antigamente, porque eu andava, eu fazia minhas lutas, ia pra roça e plantava algodão e hoje fico sentada em uma cadeira esperando pelos outros”, lamenta a idosa.
DIÁRIO DO SERTÃO
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