Após invasão, líder de sem-terra quer assentar oito mil famílias no Pontal
Rainha quer terras para assentar 8 mil.
O líder da ala do Movimento dos Sem-Terra (MST) que turbinou o janeiro quente com uma onda de invasões no oeste paulista quer que o governo assente 8.000 famílias na região. O foco principal de José Rainha Júnior e grupos aliados são as terras que, segundo ele, a Justiça já considerou devolutas. Somadas, as áreas chegam a 200 mil hectares. Ele reclama que a justiça só é rápida para um lado.
Epitacio Pessoa/AE
Qual o objetivo das ações do chamado janeiro quente?
Só a nossa base, que inclui os movimentos aliados, tem 8.000 famílias cadastradas no Incra à espera de um lote. Muitas famílias estão acampadas há seis, sete anos. Enquanto isso, tem terras devolutas que, somadas, chegam a 200 mil hectares. São os 92 mil do 15º Perímetro que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) já julgou e as terras de outros dois perímetros que serão julgadas agora. Eu não tenho dúvida de que a Justiça também vai reconhecer como terras públicas. O que o governo estadual precisa fazer é se entender com o governo federal e antecipar a obtenção dessas terras. Pode ser através de acordo com o fazendeiro. No caso das usinas que estão sobre as áreas, não sou a favor de fechar uma usina que gera emprego e renda, mas os empresários podem comprar outra área e destinar para a reforma agrária.
O que pode ser feito para resolver esses conflitos na região?
Arrecadar terras, mas isso depende do governo e da Justiça. O governo estadual precisa acelerar a arrecadação das terras públicas. O federal precisar rever os índices de produtividade, pois com os atuais não se arrecada nada, e mudar a lei para pagar em dinheiro pelas benfeitorias. A Justiça também precisa ser mais rápida. Hoje, ela é rápida só para um lado. Veja que, mesmo no fim de semana, alguns juízes já deram liminar para despejar os sem-terra. Se a Justiça for sempre rápida assim, parabéns.
MSN
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