“Eram 250 pessoas chorando”, diz noivo de mulher morta em helicóptero
O casamento acabou interrompido pela queda da aeronave, que matou todos os passageiros
Quando chegou ao local onde seria realizado seu casamento, o sítio Recanto Beija-Flor, em São Lourenço da Serra, por volta das 15h30 de domingo (4), o chaveiro Udirley Marques Damasceno, de 34 anos, imaginava que sua noiva, a auxiliar de enfermagem Silvana Nascimento da Silva, de 32, já estivesse por lá. A cerimônia, aguardada por 250 convidados, começaria em meia hora.
“Eu estava tranquilo, coloquei a gravata e fui para o altar esperar a Silvana. Pensava que ela iria se arrumar lá mesmo”, relata Damasceno, nascido na Bahia e desde os 11 anos vivendo em Taboão da Serra.
Naquele mesmo domingo, no entanto, Silvana havia decidido fazer uma surpresa para seu noivo e, sem avisá-lo, contratou um helicóptero para levá-la à festa. O casamento acabou interrompido pela queda da aeronave, que matou todos os passageiros.
Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, Damasceno narrou a sequência de acontecimentos no casamento até ele ser informado do acidente:
“Quando deu quatro horas da tarde, começaram a organizar a fila dos padrinhos. Eu já estava lá com a minha mãe. Minha filha de 6 anos, fruto do meu primeiro casamento, era a daminha de honra. Nesse momento fui avisado pelo cerimonialista que a Silvana chegaria de helicóptero mas que, devido ao mau tempo, ela se atrasaria. Meia hora depois, o dono do espaço me chamou em um canto e informou que a aeronave havia caído, mas que ele não tinha informação de vítimas. Depois disso chegou a notícia derradeira e foi uma choradeira só. Imagina 250 pessoas chorando desesperadamente”.
Damasceno relembra com carinho como a noiva gostava de fazer surpresas.
“A Silvana era detalhista, fez tudo para festa com muito amor, desde os preparativos até os enfeites. E gostava de pensar em surpresas para mim. Infelizmente essa última não pôde ser concretizada”, lamenta.
O casal se conheceu há cerca de três anos, mas os dois começaram a namorar apenas em 2015.
“Foi tudo muito rápido. Frequentávamos a mesma igreja, eu conhecia a família dela, mas nunca conversamos muito.
Depois de algumas trocas de olhar, começamos a namorar. Mas não sem antes eu falar com o irmão dela, que infelizmente decolou junto”.
Damasceno se refere ao vendedor Silvano Nascimento da Silva, de 40 anos, que também foi vítima do desastre.
“Como a Silvana perdeu o pai muito cedo, tinha o Silvano como sua principal referência masculina. Ele nos ajudou muito para realizarmos nosso sonho, que infelizmente acabou da pior forma possível”, relata. Irmão e irmã foram sepultados juntos, na segunda (5), no cemitério Parque dos Ipês, em Taboão da Serra.
A lua de mel seria em Natal (Rio Grande do Norte), e começaria na segunda (5). A casa em que eles morariam, em Taboão da Serra, já estava mobiliada e pronta para a chegada do casal. “Nem sei o que fazer com os presentes. Vou deixar para a mãe dela decidir. Podemos doar para minha cunhada, irmã mais nova da Silvana, que vai se casar no ano que vem”, prevê.
As causas do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil e pela Aeronáutica. O delegado que cuida do caso, Albano Fernandes, acredita que a queda deveu-se ao mau tempo e possivelmente a falha humana. Testemunhas que viram o desastre prestaram depoimento na delegacia de São Lourenço da Serra. Segundo relatos, o piloto teria ficado “encurralado” entre nuvens e bateu com a cauda do equipamento em uma árvore.
Outras duas pessoas também morreram no acidente. Nesta terça (6), o corpo da fotógrafa Nayla Cristina, que estava grávida de 6 meses, foi enterrado em Itapecerica da Serra, e o di piloto Peterson Pinheiro, em Suzano.
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