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Zezé Di Camargo e Luciano lança seu 20º álbum em 17 anos de carreira

Zezé Di Camargo & Luciano têm 17 anos de carreira, já venderam 26 milhões de cópias de seus 19 discos e seu mais novo álbum homônimo, lançado agora pela Sony/BMG, promete continuar mantendo a dupla no posto de queridinha da garotada. Uma pesquisa recente realizada com jovens brasileiros de 15 a 26 anos mostrou que […]

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04/11/2008 às 20h28

src=http://g1.globo.com/Noticias/Musica/foto/0,,15838580-FMMP,00.jpgZezé Di Camargo & Luciano têm 17 anos de carreira, já venderam 26 milhões de cópias de seus 19 discos e seu mais novo álbum homônimo, lançado agora pela Sony/BMG, promete continuar mantendo a dupla no posto de queridinha da garotada. Uma pesquisa recente realizada com jovens brasileiros de 15 a 26 anos mostrou que 32% ouviam música sertaneja, enquanto 28% preferiam rock.

Luciano diz que tem a língua solta, mas nunca se arrependeu do que disse. Já Zezé diz ser um “profundo conhecedor da alma das mulheres”, ao apontar uma de suas fotos preferidas no encarte do CD. Em conversa com o G1, os goianos de Pirenópolis retratados no filme “Dois filhos de Francisco” falam de Picasso a Orkut, passando por Nirvana, Beatles e Gabriel García Márquez. Confira.

G1 – O que o disco novo tem que atrai tanto os jovens?
Luciano – Uma das coisas que a gente faz que com certeza cria essa fidelidade é cantar o amor. A cada geração que passa, ele chega mais cedo. O disco mantém a temática do romantismo, a gente canta uma música alegre, não tem frustração, não batemos nessa tecla do sofrimento. A gente não faz o que muitos outros fazem, que é ver que algum estilo está estourado e mudar de repente. Existe aquela transição da infância para a adolescência, e essa transição está muito rápida. O adolescente traz com ele o amor, e a gente fala de amor. Roberto Carlos fala bem, mas ele é de uma geração mais velha, embora sempre nos surpreenda. Beatles e Roberto Carlos são duas fontes inesgotáveis.

G1 – Como vêem essa nova onda do “sertanjo universitário”?

Luciano – Victor & Léo, pra mim, já é uma realidade. Eles compõem, cantam muito bem e não copiam ninguém. Você vê um monte de cover de Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone. Agora, aquela turma que regrava um sucesso nosso de oito anos atrás e chama de sertanejo universitário é uma ofensa. Acho um desrespeito. Enquanto eles são sertanejos universitários, eu sou mestre. E se eles não conseguiram fazer sucesso depois de lançar três discos, eles são repetentes, não passaram de ano. Isso incomoda muito, porque leva para uma vala comum todos os sérios e bons, como uma dupla chamada Zé Henrique & Gabriel. Eles compõem, inclusive uma música que gravamos, chamada “Nosso amor é ouro”. Cadê esses sertanejos universitários? Estão todos fazendo prova até hoje. Ou senão viraram deputados, vereadores. Isso graças a deus eu não vou precisar fazer. Não vou me prostituir musicalmente pra continuar no sucesso.

Zezé
– Se a gente falar mal de quem não faz sertanejo de raiz, é como dar um tiro no próprio pé. Você pode não gostar da nossa música, mas não pode dizer que Zezé Di Camargo & Luciano não cantam, são desafinados. É diferente quando o cara pega uma fórmula e se autodenomina sertanejo universitário.

G1 – O que sentiu quando o presidente Lula declarou ter assistido a uma cópia pirata de “Dois filhos de Francisco”?
Luciano – Fiquei muito chateado. A gente já estava sendo vítima da pirataria, e aí você vê um presidente assistindo filme pirata. Liguei pros meus amigos da imprensa e contei pra todo mundo, mas eu não sabia que ia ter essa repercussão. Também foi assim quando eu me recusei a participar do movimento Cansei, teve uma ressonância muito grande. Foi a primeira vez que eu senti a necessidade de ficar distante da mídia. O lado bom foi que as pessoas começaram a me ver de outra maneira, começaram a me procurar para falar sobre política, história, cotidiano. Dei um salto em relação à imagem que as pessoas tinham de mim.

/G1 – Literatura também é um de seus assuntos preferidos, certo?
Luciano – Adoro García Márquez, Dostoievski, Jane Austen – ela escreveu “Orgulho e preconceito”, teve uma carreira curta, mas de grande relevância para a mulher. Assim como o Sidney Sheldon fez com suas heroínas em “Se houver amanhã” e “A ira dos anjos”. O primeiro livro que li foi “Eram os deuses astronautas” – quase fiquei louco. E o último foi “Grande Sertão: Veredas”, que li pela segunda vez, como uma forma particular de comemorar os 50 anos da obra. Foi como aprendi o pouco que eu sei.

G1 – Você já teve vontade de escrever?
Luciano – Não tenho capacidade para compor. Fiz umas três músicas que outros autores gravaram, se me perguntarem o nome eu não sei. Nasci para ser a segunda voz. Amo o que eu faço, é uma das maiores artes. A trilha sonora nasceu antes do cinema falado. Se você pegar o Chaplin, por exemplo, já tinha música nos filmes dele. Picasso pintava cantarolando ou ouvindo música. É uma arte que completa as outras. O dom de cantar é para poucos.

G1 – Você acompanha as bandas mais jovens?
Luciano – Meus filhos são meu termômetro. Sou totalmente avesso ao Zezé, gosto de navegar na internet, ver bandas de garagem, saber o que elas dizem em entrevistas. Tenho de estar antenado pra falar diretamemente com os jovens. Por isso eu entro no Orkut, mesmo sem ninguém saber que sou eu, tenho um perfil falso. Só baixo MP3 legal e também compro CDs. Meu iPod tem de Zeca Baleiro a Damien Rice.

/O brasileiro é bem eclético, nossa música também. Se nós hoje somos esse país de grandeza, com vários Brasis dentro de um só, foi graças a Dom João VI. Eu sou isso: se você pegar o meu iPod vai ver Zé Ramalho, Dominguinhos, Gonzagão, Seu Jorge, Ana Carolina, Marisa Monte, Legião Urbana. Eu sou eternamente Legião – o único grupo que continuou depois da morte de seu vocalista. Nos Estados Unidos, o Nirvana e o Elvis sobreviveram.

G1 – “Valeu demais” tem uma levada reggae, bem diferente das músicas que vocês costumam cantar.
Luciano – Essa música é bem a cara do Armandinho. Eu não posso propor fazer um reggae de verdade porque nós não somos o Bob Marley, que eu adoro. Eu não tenho um quê de Cidade Negra pra fazer, nem a levada do Skank. O Armandinho tem uma coisa simples, praiana, que o surfista não curte, mas meu público sim. É uma maneira de cantar algo mais jovem.

G1 – Ainda existe muito preconceito em relação às músicas de vocês?

Zezé – Quando a gente começou, as pessoas não entendiam, achavam que a gente cantava mal. O filme ajudou muito. Teve gente que entendeu a história e começou a olhar para a dupla de uma meneira diferente. Eu sempre soube que a música sertaneja era muito querida entre os jovens e as pesquisas comprovam isso. Às vezes eu olho para o público do nosso show e penso, ‘meu deus, essas pessoas se perderam, foram ver o Pepeu Gomes e vieram parar aqui’. Umas meninas de cabelo colorido, piercing, tatuagem, todas loucas pela gente.

Do G1

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