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Obama não irá aos funerais de Fidel Castro

Casa Branca não informou quem vai liderar a delegação americana. Ao menos 25 líderes estrangeiros irão às cerimônias fúnebres de Fidel.

Por Estagiário

29/11/2016 às 09h48 • atualizado em 29/11/2016 às 00h29

O presidente dos EUA Barack Obama cumprimenta Raúl Castro, presidente de Cuba, durante encontro em Havana (Foto: Carlos Barria/Reuters)

Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não viajará para Cuba para os funerais de Fidel Castro, informou nesta segunda-feira (28) a Casa Branca, embora ainda não tenha sido informado quem vai liderar a delegação americana.

Cuba iniciou nesta segunda sete dias de homenagens em massa a Fidel, que faleceu aos 90 anos na última sexta-feira. Suas cinzas serão enterradas no próximo domingo (4) no cemitério de Santa Ifigênia, em Santiago de Cuba, 960 km ao leste de Havana.

“O presidente não viajará aos funerais”, apontou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

O governo de Obama tomou a iniciativa de deixar para trás meio século de ruptura e desconfiança com Cuba para iniciar um processo de aproximação.

Obama fez uma visita histórica à ilha no início deste ano, quando se encontrou com o presidente Raúl Castro, mas não esteve com Fidel.

Líderes presentes
Ao menos 25 líderes estrangeiros, entre eles 15 presidentes da América Latina e da África, irão às cerimônias fúnebres de Fidel, informou a Chancelaria nesta segunda-feira (28).

Entre os presidentes, estão o venezuelano Nicolás Maduro, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa, o nicaraguense Daniel Ortega, o colombiano Juan Manuel Santos, o panamenho Juan Carlos Varela e o mexicano Enrique Peña Nieto, segundo a lista entregue à imprensa internacional.

O rei Juan Carlos I da Espanha representará seu filho, o rei Felipe VI.

Já a presidente do Chile, Michelle Bachelet, enviará seu ministro do Desenvolvimento Social, Marcos Barraza, para representá-la.

Também viajarão para a Ilha os presidentes de África do Sul, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Zimbábue e Namíbia, assim como o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o único estadista europeu incluído na lista, e sete primeiros-ministros caribenhos.

Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também anunciou que não comparecerá e, em seu lugar, estará David Johnston, governador-geral e representante da rainha Elizabeth II, chefe de Estado.

Em representação do presidente francês, François Hollande, estará nas cerimônias a ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royal. O ex-chanceler alemão Gehard Schröder (SPD) comparecerá em representação de seu país.

Homenagens
Cuba terá 9 dias de luto oficial e as homenagens tiveram início nesta segunda. As cinzas de Fidel vão ficar no memorial José Martí, em Havana, até terça-feira (29) e depois vão percorrer o país até Santiago de Cuba, berço da Revolução Cubana. No domingo, dia 4 de dezembro, as cinzas serão enterradas em uma cerimônia no maior cemitério da cidade.

Também está previsto um ato popular convocado pelo governo na Praça da Revolução em Havana, na terça-feira. Os eventos estão sendo organizados por uma comissão especial.

Na quarta (30), começará uma peregrinação de quatro dias com as cinzas, que percorrerão 13 das 15 províncias da ilha. Os restos mortais do líder viajarão de estrada no sentido contrário ao da “Caravana da Liberdade”, a mesma que levou um Fidel triunfante de Santiago de Cuba até Havana em 1959, quando depôs a ditadura de Fulgencio Batista.
Será um trajeto de 1.000 km até Santiago de Cuba, onde está previsto um “ato maciço” na praça Antonio Maceo. O sepultamento ocorrerá no dia 4 de dezembro às 7h locais (10h de Brasília).

Acordo com EUA
Um acordo entre os EUA e Cuba foi anunciado no dia 17 de dezembro de 2014. O embargo comercial ao país caribenho, no entanto, permaneceu.

O trato previa medidas como o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, facilitar viagens de americanos a Cuba, autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos EUA para Cuba, autorização para norte-americanos importarem bens de até US$ 400 de Cuba e início de novos esforços para melhorar o acesso de Cuba a telecomunicação e internet.

Em agosto de 2015, os EUA reabriram oficialmente sua embaixada em Havana. Um mês antes, a embaixada cubana em Washington foi reaberta.

Ao anunciar o acordo, Obama disse que a normalização das relações com Cuba encerram uma “abordagem antiquada” da política externa americana. Ao justificar a decisão, o presidente disse que a política “rígida” dos EUA em relação a Cuba nas últimas décadas teve pequeno impacto. O presidente americano afirmou acreditar que os EUA poderão “fazer mais para ajudar o povo cubano” ao negociar com o governo da ilha.

Trump
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu em sua conta no Twitter nesta segunda-feira (28) que vai acabar com o acordo de seu país com Cuba se a ilha não estiver disposta a oferecer um acordo melhor.

“Se Cuba não quiser fazer um acordo melhor para o povo cubano, o povo cubano-americano e os Estados Unidos como um todo, vou acabar com o acordo”, escreveu o magnata.

No sábado (26), Trump divulgou um comunicado à imprensa classificando Fidel Castro como um “ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas” e que deixa um “legado de pelotões de fuzilamento, roubo, inimaginável sofrimento, pobreza e negação de direitos humanos básicos”.

No texto, ele afirmou que seu governo “vai fazer todo o possível para assegurar que o povo cubano possa finalmente começar sua jornada em direção à prosperidade e à liberdade”.

Nas primárias, Trump foi o único pré-candidato republicano que apoiou a abertura para Cuba, mas em sua busca de votos na Flórida nas eleições gerais, ele prometeu que “revogaria” o acordo do presidente Barack Obama “a não ser que o regime dos Castro” restaurasse “as liberdades na ilha”, segundo a agência EFE.

Em coletiva de imprensa na Casa Branca, o porta-voz do governo americano Josh Earnest disse que os críticos da atual política de aproximação “estão dando voltas, tentando justificar sua lealdade a uma política obviamente fracassada de isolamento de Cuba, que nunca teve nenhum resultado”.

G1

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