Wilson Braga e Cajazeiras
A morte de Wilson Braga, aos 88 anos de idade, ocorrida no último dia 17 de maio de 2020, no Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, vitima da pandemia do coronavírus, enlutou toda a Paraíba e deixou consternados seus amigos e admiradores.
Quando foi eleito Governador do Estado (15/03/1983 – 14/05/1986) Wilson Braga, antes de a apuração ser concluída oficialmente, desembarcou em Cajazeiras no Aeroporto Antonio Tomás e foi recebido gloriosamente pelo povão do Sertão da Paraíba.
Desfilou pelas ruas da cidade ao lado dos aliados políticos, dos amigos e do povo. A cidade estava radiante com a vitória de Wilson Braga e vislumbrava melhores dias, já que sempre foi muito bem votado em Cajazeiras. Existia um eleitorado fiel que sufragava o seu nome seja pra que cargo concorresse. Era o voto da gratidão pelo muito que fez por Cajazeiras.
Após as manifestações populares Wilson se reuniu com as principais lideranças da cidade na residência do comerciante Francisco Arcanjo de Albuquerque. Sentado numa rede de varandas, cercado por todos começou a falar: “O que Cajazeiras me pedir eu faço. Devo ao seu povo parcelas impagáveis de minhas vitórias políticas. Serei o secretário e defensor dos interesses maiores desta terra. Agora me respondam: qual a obra que vocês querem para eu mandar começar amanhã”. O médico Iermirton Braga, juntamente com outros apaixonados por futebol, respondeu sem pestanejar: um Estádio de Futebol.
Realmente, o compromisso assumido por Wilson Braga foi cumprido. A cidade de Cajazeiras ganhou a terceira mais importante Praça de Esportes da Paraíba, batizada inicialmente de “O WILSÃO”.
Concluído o mandato de Governador, não obteve êxito na eleição seguinte, após concorrer um mandato para o Senado da República. Perdia o Poder na Paraíba. Os adversários políticos, na sua maioria sem expressão, resolveram fazer uma destruição nos símbolos maiores de Cajazeiras, cuja marca representava a ação política e administrativa de Wilson. De forma avassaladora rasgaram e colocaram por terra, inclusive o nome do Estádio, que ele tinha construído para os filhos desta terra se divertir e se alegrarem nas tardes domingueiras do Sertão. Um enorme nome que ficava no alto da marquise do Estádio, nome inclusive outorgado pelo coração do povo desta terra – “WILSÃO”, foi destruído a golpes de picaretas, tombando por terra as seis letras que traduzia o sentimento da maioria. A minoria vitoriosa destruía o nome feito em concreto, mas não conseguiu jamais apagar da memória e do coração do povo o nome daquele que construiu com toda garra e afinco a “Maravilha das Capoeiras”, o nosso “WILSÃO”.
O Estádio foi e continua sendo o palco de belas e memoráveis tardes esportivas. Por diversas vezes o torcedor teve que voltar da porta porque suas arquibancadas já não comportavam mais gente. Ficou pequeno. Como pequeno ficou para o jogo entre Atlético de Cajazeiras e Campinense de Campina Grande.
A vitória do Atlético, sobre o Campinense, naquele 28 de julho conferindo-lhe o título de CAMPEÃO PARAIBANO DE 2002, pela primeira vez em sua história, foi a consagração da valentia, da teimosia, da persistência, da humildade, da garra e da capacidade dos que fazem o futebol de nossa terra.
Diante deste belo e extraordinário espetáculo, só mais outro, partindo da gratidão e do coração do povo desta terra, poderá resgatar e fazer justiça que era a de se fazer voltar, o nome “WILSÃO”, para cima da marquise, da mesma forma de antes, para que a história fizesse justiça a este grande benfeitor de Cajazeiras – Wilson Leite Braga: o CONSTRUTOR do Estádio.
Não importa que continuemos chamá-lo de Perpetão, o nome oficial, bastaria apenas fazer voltar as seis letras tombadas pela ingratidão de uns poucos, para calar no coração dos homens desta terra o mais nobre do sentimento humano: a gratidão. Wilson Braga merece que aquele nome em concreto volte a brilhar com imponência no alto da marquise, sem destronar o “Rei Perpetuo Correia Lima”.
Wilson ainda foi o responsável pela consolidação da FAFIC, da vinda da Universidade, pela construção do Teatro ICA e da Escola Manoel Mangueira Lima, dentre outras dezenas de obras ao longo de seus mandatos de deputado federal e de governador. Este merece uma estátua no centro da cidade de Cajazeiras.
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