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Francisco Cartaxo

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Vereadores presos por corrupção

11/01/2014 às 18h59

Foram dez. Todos da mesma cidade, Caruaru. Todos presos no mesmo dia, 18 de dezembro de 2013. Motivo: suspeita de cobrar propina para aprovar matérias de interesse do prefeito. Uma delas seria a autorização legislativa de financiamento para implantar moderno sistema de transporte coletivo em Caruaru. Eis os vereadores que teriam cometido os crimes de concussão e corrupção passiva: Anibal Eduardo de Miranda Barros Cantarelli (PROS), Averaldo Ramos da Silva Neto (PMN), Cecílio Pedro da Silva (PTB), Erivaldo Soares Florêncio (PROS), Jadiel José do Nascimento, vulgo Pastor Jadiel, (PROS), Jailson Soares de Oliveira Batista, vulgo Jajá, (PPS), José Evandro Francisco da Silva (PMDB), José Givaldo Francisco Oliveira, vulgo Sivaldo Oliveira, (PP), Josival Lima Bezerra, vulgo Val de Cachoeira Seca, (DEM) e Lorinaldo Florêncio de Moraes, vulgo Louro do Juá, (DEM). Beneficiados por habeas corpus, alguns passaram o Natal em casa, outros foram liberados nos dias seguintes. 

Como foi possível prender tantos de uma vez só? 

Investigação sigilosa e eficiente. Durante seis meses, a Polícia Civil de Pernambuco realizou a “Operação Ponto Final”, colheu 37 depoimentos, obteve 763 horas de gravação, entre intercepções telefônicas e intercepção ambiental de áudio e vídeo. O trabalho investigativo teve o apoio do Ministério Público e autorização da Justiça. No caso da aprovação do financiamento, a grana chegaria a R$ 2 milhões. O total do empréstimo a ser concedido à prefeitura de Caruaru pelo Banco do Brasil é de R$ 250 milhões. 

Segundo a mídia, o experiente prefeito José Queiroz (PDT), (ocupa o cargo pela terceira vez), funcionário aposentado do Banco do Brasil, não teria participado, pessoalmente, das “negociações” com os vereadores. A tarefa foi entregue a um ex-vereador, hoje secretário da prefeitura. Pelo que conheço de Zé Queiroz, ele deve ter cansado desse tipo de chantagem, aliás, muito comum na vida pública brasileira. Pesou na atitude do prefeito e também dos encarregados das investigações o contexto nacional, marcado pelas punições impostas aos 25 condenados na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal. Sem dúvida, um efeito benéfico do mensalão.           

O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, José Fernando dos Santos, que mandou prender dez dos 23 vereadores de Caruaru, determinou o afastamento por 180 dias do exercício do mandato e, na mesma sentença, o cancelamento da votação que aprovou a operação de crédito. Os vereadores acusados negam tudo. E tentam, agora, derrubar a perda provisória do mandato, alegando falta de provas… É sempre assim. Ainda hoje, apesar da transparência do exaustivo julgamento da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal, os mensaleiros batem no peito, erguem o punho em gesto de luta, como se fossem heróis! 

Voltemos a Caruaru. O inquérito de 800 páginas, conduzido pelo delegado Erick Lessa, está sendo examinado pelo Ministério Público de Pernambuco. Vai percorrer muito chão até chegar ao fim, mas já serve de exemplo. Basta dizer que “alguns prefeitos estão pedindo este tipo de investigações em seus municípios”, declarou o delegado Salustiano Albuquerque, da Polícia Civil de Pernambuco. E se a moda pega, hein?


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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