Um olhar diferente
A campanha eleitoral está nas ruas e, mais uma vez, velhas práticas são editadas na tentativa de angariar a simpatia dos eleitores. O barulho improdutivo das carreatas e dos carros de som alardeando qualidades e atributos de candidatos que, na prática, nem sempre são atestados pela sua experiência de cidadão e de homem público, se avolumam com uma intensidade absurda. Um barulho inócuo que poluem nossos ouvidos e causam desconforto para quem reclama um mínimo de civilidade na vivência urbana.
Nesse turbilhão de falas vãs e de propósitos incoerentes muitas interrogações proliferam e se insinuam como ponderações pertinentes que carecem ser consideradas quando está em pauta o destino do município.
Quais políticas públicas estão sendo pensadas para construir ações que conduzam, de forma minimamente democrática e isonômica, o governo de áreas prioritárias como educação, saúde, saneamento, segurança pública, crescimento urbano? Nada disso assume prioridade ante uma cultura que elege como foco central os conchavos e acordos, nem sempre éticos e confiáveis. Acordos que são alardeados a população como sinônimo de bravata e de competência política para derrubar os adversários e construir o maior número de alianças e de simpatizantes que, após a sagração das urnas, são cobrados em termos de empregos, de beneficiamento em obras públicas e licitações, em favores de natureza diversa e que pontilham nosso cenário político de práticas espúrias.
Não entra no cenário da campanha política a construção de um debate pertinente e fecundo sobre quais alternativas podem ser construída para se pensar uma projeção de futuro para o município. Como organizar seu planejamento urbano, como construir possibilidades de municiar sua população do campo de estratégias e tecnologias políticas, sociais e humanas capazes de sobreviver e conviver com a seca sem os dramas e dores da fome e da sede. Como montar uma rede de educação, na cidade e no campo, onde nossas crianças não sejam enclausuradas em celas restritas e asfixiantes, onde o aprender a ler e escrever representa um enorme sacrifício e não um ato prazeroso e lúdico, proporcionado por salas de aula aconchegantes, professores contentes com salários dignos e condições físicas, pedagógicas e políticas de exercício da docência, onde bibliotecas minimamente equipadas favoreçam o conhecimento e o alargamento de suas visões de mundo.
Como pensar nossa cidade com espaços livres, com áreas verdes, como ruas arborizadas, com esgotos saneados, com loteamentos planejados e como gente minimamente feliz? O caminho não é nada inalcançável. Basta ter a dignidade de querer fazer e a campanha eleitoral poderia servir como estágio inicial desse processo. Desejo utópico? Não creio. Apenas uma maneira diferente de ver a política.
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