Tomba a Lenda de Santa Helena: Elair Diniz Brasileiro
Qual a pedra e os pedaços de chão que não tenham sido pisados por Elair, ao longo de seus oitenta de vida, nas vargens de Santa Helena? Quantos filhos desta gleba ele viu nascer e fez o batismo nas águas sagradas do Canto do Feijão? Quantas mãos apertou e quantos abraços ofertou ao povo ao longo de sua vitoriosa trajetória política? Quantos venceram na vida por suas mãos, sabedoria e orientação? Quantos não tiveram o afago de seu generoso coração nas horas da dor, do sofrimento e da fome? Quantos não galgaram o poder através dos votos transferidos pela sua liderança política?
À estas respostas, que farão parte de sua bela história de vida, erguem-se num grande monumento à sua caminhada, que a cidade de Santa Helena e seu povo, deverá construir no coração e fincar no seu chão, em mármore e bronze, para a eternidade, o que nem a história poderá negar: o seu grande legado.
Mas a grande Lenda morreu, aos 80 anos, na manhã desta quarta-feira (11), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Cajazeiras (HRC). Lutava pela vida. Estava internado no HRC e deveria passar por um procedimento cirúrgico em João pessoa na quinta-feira (12), mas, devido complicações no seu quadro clínico, não resistiu.
Primogênito de uma família de oito filho, nasceu no Canto do Feijão, atual Santa Helena, em 4 de agosto de 1939, sendo filho de Eládio de Almeida Brasileiro e Nair Diniz. Tinha origens indígenas, já que seu pai nascera em Tefé, Amazônia e sua avó, Francisca Almeida Brasileira era filha de índio.
Elair Diniz exerceu diversas profissões, dentre as quais farmacêutico, agricultor, comerciante e ficou fortalecido na política, quando aos 34 anos casa-se com a professora Maria Elizabete Soares, em maio de 1973, de família tradicional de Santa Helena, filha do casal José Soares de Sousa e Isabel Correia Lima e foi com Daciano Soares da Silva, seu amigo e companheiro de muitas lutas políticas e partidárias, que ao longo de décadas, foram grandes parceiros e começou o revezamento: um entregava ao outro a cadeira de prefeito.
Elair iniciou sua carreira política como vereador, sendo eleito pelo PDC e obteve 136 (13,89%) dos votos, nas eleições de novembro de 1962, sendo vice-presidente e ainda presidente por um período de ano, em 1965, da Câmara Municipal. Como vereador teve relevante participação parlamentar, sendo um dos responsáveis pela legislação dos códigos municipais e conquistou o respeito dos colegas e dos munícipes.
No ano seguinte, em 1966, logra êxito nas eleições municipais para prefeito, tendo obtido 662 (60,46%) dos votos. Foi o início de uma longa vida pública nos meandros do poder executivo.
Em novembro de 1972, pela ARENA, foi novamente diplomado Gestor Municipal de Santa Helena, através de eleições livres e diretas, sendo candidato único, tendo obtido 865 (100%) dos votos apurados e foi seu vice-prefeito Daniel Félix de Moura.
Dez anos depois, em 1982, se candidata pelo PDS e obtém 1.617 (79,81%) dos votos, tendo como vice-prefeito Antonio Abrantes de Lima e parte para seu terceiro mandato como Gestor Municipal de Santa Helena, onde centra seu foco de atenção no desenvolvimento das questões públicas da saúde.
Mais dez anos se passam e novamente, em 1992 é aclamado para o seu quarto mandato como Prefeito de Santa Helena, quando obteve, pela legenda do PMDB, 2.172 (68,8%) dos votos, concorrendo com Tarcisio Vital (PSDB), que obteve 985 votos (31,2%) dos votos. Desta vez, foca sua ação para a educação aos menos favorecidos.
Volta a exercer a liderança municipal em seu quinto mandato em Janeiro de 2004, eleito pela coligação PT/PSDB/PL/PFL, obtendo 2.284 (59,73%) dos votos, tendo dois concorrentes: Sitonho e Novinho Guedes. Desta feita se voltou para a zona rural, realizando parcerias, investindo em transporte, reformas nas escolas, merenda escolar, capacitação de professores, de forma a oferecer um atendimento digno aos que dele careciam.
Conquista em 2008, numa reeleição, o seu sexto mandato, pela coligação PRB/PTB/PSDB, obteve 2.715 (68,42%) dos votos, foi sua vice-prefeita Corrinha Félix e como opositores, Vera da São Francisco e Eusébio Segundo.
O Canto do Feijão foi sua grande e eterna paixão, pequeno pedaço da Paraíba onde derramou o seu suor, suas lágrimas, cantou suas glórias, festejou suas vitórias e hoje, seu corpo, está sendo devolvido a terra mãe, que lhe servirá de morada eterna.
Pelas campinas e prados verdejantes haverá de ecoar eternamente a voz da lenda, rouca e forte de Elair.
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