Tempo de amor, ódio, paixão e traição
Quem se aventurasse a escrever um livro sobre a História Política de Cajazeiras abordando apenas as traições que envolveram e envolvem o dia a dia da política local, não teria dificuldades em encontrar fontes. Ao longo dos últimos quarenta anos tem um vasto material produzido pelas principais lideranças, que nestas décadas, poucas mudanças foram efetivadas ou quase nada de novo surgiu no cenário político da cidade.
E a nossa história está recheada de traições, que é considerada a mais cruel perfídia humana. Vale ressaltar que política e traição andam de braços dados e são tantas as que acontecem neste cenário, que trair deixou de ser vergonhoso. Trai-se igual a Judas: com um beijo.
Diz um velho amigo meu, observador atento dos fatos políticos de nossa Cajazeiras, que se você quer saber até que grau de fidelidade, humildade e confiança um homem pode ter, lhe dê o poder ou a perspectiva dele.
Esta é a mais pura verdade, cristalina, vigorosa. Os homens mudam da água para o vinho quando ascendem ao poder e chegam a ficar irreconhecíveis.
O jogo político quando envolve falta de caráter, negociatas e interesses inconfessáveis é uma seara bem adubada para a traição. Quem confia na palavra de um político? Quem acredita em suas promessas? Quem acredita em acordos para serem cumpridos “nas próximas eleições”? Qual foi dos nossos políticos que não pensou em trair e foi traído? Estas indagações eu já ouvi dezenas de vezes nos últimos dias, em função do que se avizinha nesta mudança de governo de Ricardo para João e a perspectiva da eleição municipal.
Mas precisamos ressaltar que no meio deste turbilhão de traições, decidias e embates, os atuais grupos políticos de Cajazeiras, nos bastidores, têm urdido conspirações além do imaginável, desprezando até princípios éticos e defesa de ideais e de postulados partindo de princípios essencialmente voltados para o bem do povo.
Um velho amigo, portador de uma sabedoria imensa, a quem sempre recorro para beber lições em sua inesgotável fonte, disse-me recentemente que o voto mais seguro é o do ódio. E me explicava: quando um eleitor diz: eu não voto em fulano porque tenho um verdadeiro ódio a ele, já é a certeza de que o seu adversário é o escolhido para ganhar o seu voto e sem perigo de reversão.
Isto é muito comum em cidades, digamos, do porte de Cajazeiras, onde a política partidária é exercida de maneira mais forte e mais vibrante, aonde vizinhos, parentes e amigos fraternos chegam a se intrigar antes, durante e depois da rinha eleitoral.
Quem tem a felicidade de não se envolver na campanha e ficar como simples observador está constatando um fato inusitado e deveras estranho na cidade de Cajazeiras. Depois de proclamado o resultado das urnas da eleição de governador e principalmente de deputado estadual, observa-se um divisor de águas na história política de nosso município e que poderá em muito prejudicar-nos.
No passado, quando tínhamos três deputados estaduais, cada um puxando brasa para a sua sardinha, ficou muito difícil de conseguir obras e serviços para a nossa cidade, porque o governador ficava num dilema a quem deveria atender.
Tem sido visto a olho nu e pelas declarações prestadas pelas lideranças que a “disputa” por uma vaga para ser candidato a prefeito de prefeito de Cajazeiras está em andamento e em surdina e nos bastidores vêm sendo urdidos projetos e planos, aonde o principal ingrediente tem sido a conspiração, a perfídia e a traição. Cada grupo divulga um nome, mas na realidade é outro que pontua no coração e nos interesses de cada um deles.
No momento o comentário maior é em torno de quem vai trair quem. Os nomes dos quem vão trair e ser traído vão passando de boca em boca, isto faltando ainda muito tempo para que os cajazeirenses escolham o seu futuro prefeito.
Ninguém consegue fazer uma “amarração” política e as dúvidas levam sempre a possíveis fissuras nos dois principais grupos políticos da cidade que têm apoio do governo do estado.
Que alianças serão formadas, em que palanques subirão as nossas lideranças? Quem terá a grandeza e o desprendimento de estender a mão para a concórdia e a união?
Chegaremos até o final do ano de 2019 com muitas especulações e indefinições, mas nenhum eleitor deixou de ter, na sua essência, um pouco de paixão, de amor e ódio e sempre desejoso de temperar a política com uma boa dose de traição que é o ingrediente mais gostoso da política.
As insatisfações já permeiam os intestinos do grupo vitorioso, muito antes da missa de ação de graças pela posse do novo governador.
Quem vai ceder em nome da união? Ou os governistas vão rachar?
Dois mil e dezenove está chegando.
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