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Adjamilton Pereira

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Reprovação burra

06/07/2011 às 09h58

Elas estão espalhadas por todo Semiárido Nordestino. Nos oitões das casas suas formas de cones representam uma esperança. De confecção simples e barata envolve um conhecimento tecnológico que se dissemina entre os habitantes da região que, apropriando-se de um saber, passam a utilizá-lo de forma direta e sem intermediação de técnicos, cientistas, senhores absolutos do saber.

O processo de construção, além da simplicidade de uso de material e de conhecimento técnico de fácil entendimento, tem todo um estágio pedagógico de formação. As famílias contempladas com o benefício são capacitadas sobre o uso dos recursos hídricos, a preservação do meio ambiente, as estratégias de conviver com as adversidades de clima e solo que caracterizam o Semiárido.

Sobretudo, o principal ensinamento que resulta da confecção das cisternas de placa é a produção do protagonismo social, ou seja, pessoas que antes se identificavam como coitados, degredados, flagelados a espera da benevolência e da caridade de políticos profissionais da indústria da seca, agora se consideram gente com dignidade. Pessoas que matam a sede com a água da chuva acumulada em sua cisterna. Gente que não mais depende do caminhão pipa e de todo o engenho de manipulação política que ele representa.

E as cisternas se espalham por todo o Semiárido também graças a estratégia adotada por entidades como a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) que, com muito esforço e tenacidade, vem escapando das armadilhas e incursões dos grupos políticos tradicionais da região que, com reiterada insistência, tentam se apropriar do processo e converte-lo em moeda de barganha eleitoral e de favorecimento pessoal. A preservação do conceito da participação da população no processo de planejamento, construção e destinação das cisternas vem possibilitando que elas sejam construídas nos oitões das casas dos cidadãos que carecem de água potável para o consumo humano e para o preparo dos alimentos. Elas não são destinadas a eleitores de beltrano ou cicrano cuja cidadania e dignidade se esgarça nas tramas marabás das trocas eleitorais.

Todo esse processo pedagógico, no entanto, não é suficiente para a mudança das mentalidades políticas de governantes e administradores da coisa pública. Em Cajazeiras, por exemplo, muitos entraves, obstáculos e má vontade se somam na construção de cisternas em escolas rurais do município. Um fértil espaço de aprendizagem de cidadania e formação política para os alunos se dissipa no nevoeiro da incoerência. Enquanto isso, alunos passam sede ou são forçado a beber água contaminada.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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