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José Antonio

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Padre José Thomaz: educador, político e o missionário

12/04/2019 às 08h22

Coluna de José Antônio

Ligado às velhas raízes encravadas no solo de Cajazeiras, o eminente sacerdote José Thomaz de Albuquerque, era filho de Rita Maria de Albuquerque, irmã de Padre Ignácio de Sousa Rolim e nasceu em Cajazeiras em 1828, período em que os seus avós, Vital de Sousa Rolim e Ana de Albuquerque, já tinham proporcionado um aglomerado urbano, a partir de sua fazenda cajazeiras.

Tornou-se sacerdote pelas mãos de seu tio materno, o Padre Rolim, que o encaminhou para Olinda, de onde saíra recentemente outro sacerdote cajazeirense – o padre Serafim Gomes de Albuquerque.
Ordenado, voltou a sua terra natal e viu a necessidade de colaborar com o Padre Rolim como professor de retórica do seu colégio e depois seu diretor.

Com a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, pela Lei Provincial número 5, de 29 de agosto de 1859, foi nomeado o seu primeiro vigário. Demorou um pouco mais de um ano como vigário para se dedicar ao magistério, de onde novamente foi resgatado para se tornar, pelo desejo de seus conterrâneos, o vereador mais votado, quando da instalação do município em 1864, tornando-se assim o primeiro administrador municipal, na qualidade de primeiro presidente eleito para a Câmara Municipal. (Na organização municipal da época o vereador com o maior número de votos seria o presidente da câmara e ao mesmo tempo o administrador do município).

O historiador Deusdedit Leitão, em um artigo publicado no Correio do Sertão, em junho de 1955, escreveu: “A política, porém, não é o mar de rosas que se supõe. O padre teria sido traído na sua boa intenção. Quando se fez a instalação do município estávamos sob o domínio de um gabinete Conservador (partido da época) e, em virtude disso, coube ao Padre José Thomaz a liderança deste partido, em Cajazeiras. A maioria de seus parentes já vinha integrando as hostes liberais. É fácil concluirmos daí o que foi a sua administração. As incompreensões, o choque político entre parentes, o esforço para conter a fúria da situação dominante na pratica condenável de hostilidades à oposição o que não era apenas uma característica “saquarema”, mas, antes de tudo, a sede de vindita que empolgava os que galgavam o poder”.

As “intrigas” e a luta pelo poder puseram por terra todas as suas intenções e nobres intuitos de fazer o bem ao recém-instalado município, o faz abandonar Cajazeiras. A chama do seu ideal o levou a novos destinos.

Mesmo passando um período pequeno à frente dos destinos da cidade deixou sua marca administrativa ao construir o prédio da Câmara Municipal, na Rua Padre Rolim, que serviu de sede do poder público municipal. Era um belo casarão, que infelizmente foi destruído.

Ao deixar Cajazeiras foi para o Ceará e se tornou um apóstolo e um grande missionário, seguindo os passos de Padre Ibiapina e Frei Herculano.

Foi missionário na Ibiapaba, onde reformou os templos e construiu os cemitérios de São Benedito, Viçosa, Tianguá e Campo Grande. Capelão em Meruoca e edificou a Igreja de Jardim. Foi diretor e Capelão da Colônia Cristina (agrícola e orfanológica).

Auxiliou os começos da construção da Igreja do Coração de Jesus, em Fortaleza. Construiu a igreja de Barbalha. Os inimigos do clero, no Ceará diziam só respeitar “um Padre Ibiapina, Frei Serafim, Padre José Tomaz e Padre Henrique José Cavalcante”.

O Padre José Thomaz, que tinha nas veias o sangue da política foi o sexto prefeito da cidade de Tianguá, tendo sido nomeado em 17 de março de 1892.

Esteve ainda na Amazônia realizando missões, sendo este cajazeirense pioneiro das obras missionárias, onde se demorou alguns anos, entregue aos afazeres de seu ministério.

Escreveu uma autobiografia em três volumes manuscritos, que infelizmente ainda não conseguimos localizar. Estes escritos do Padre José Tomaz poderia nos dá subsídios e fatos que poderiam mudar alguns conceitos sobre a história de Cajazeiras.

Ao regressar da Amazônia, já alquebrado pela inclemência do clima, regressou a Fortaleza, onde faleceu em 20 de fevereiro de 1894, cinco anos antes da morte de seu grande guia e orientador, Padre Rolim. Para ser sepultado em Fortaleza, no Cemitério da Santa Casa, foi necessário fazer uma subscrição pública, tamanha era a sua pobreza.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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