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Edivan Rodrigues

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Ousadia certeira da Faculdade Santa Maria

02/06/2010 às 18h53

Há cinco anos, o Gazeta do Alto Piranhas, nº 334, de 05 a 12 de maio de 2005, publicou o artigo, a seguir transcrito.

“Estive na inauguração do Centro Médico Sabino Rolim Guimarães, no dia 29 de abril, compartilhando da alegria de Sabino Filho e Ricardo Coelho pelo sucesso da festa e do empreendimento que ousaram assumir. Esses dois médicos agiram com visão estratégica e demonstram, na prática, acreditar no futuro de Cajazeiras.

O futuro também se instalou noutro endereço. Na BR 230, onde funciona a Faculdade Santa Maria. Sábado, dia 30, conversei com Sheylla Lacerda e Ana Goldfarb enquanto visitava as salas dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia construídas com financiamento, já liquidado, do BNB. Percorri as obras de ampliação compreendendo novo bloco de 700m2. As meninas não param. A biblioteca de 518m2 será edificada no lugar onde hoje existe antiga casa da fazenda. Crispim vai mandar “passar o trator por cima”, me disse Ana, apontando o imóvel já corroído pelo abandono. Um símbolo da decadência da atividade rural que sede lugar ao nascimento de outro símbolo.

Que outro símbolo é este?
A coragem dessas duas meninas que estão nos dando lições. Lição de ousadia, de confiança na força dos ideais que defendem, de disposição para enfrentar situações adversas. Enfrentar e vencer. Mais do que preparar enfermeiras e fisioterapeutas, o empreendimento encerra em si mesmo lição de auto-estima, ajustada aos novos tempos de interiorização do ensino superior.

Escolheram uma área carente de profissionais em todo o sertão nordestino. Daí o sucesso imediato do curso de Enfermagem que inscreveu 600 candidatos a 150 vagas no último vestibular. O curso opera há seis semestres e conta hoje com 550 alunos; o de Fisioterapia iniciado com 80 poderá chegar a 120 alunos, em julho após novo vestibular. A partir de agosto, portanto, serão 670 discentes nos dois cursos. De onde vem tanta gente? Do Ceará vem o maior número, do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e Paraíba. E os professores? De Cajazeiras, Campina, João Pessoa, Natal, Juazeiro.

A primeira turma de enfermeiras sairá da Faculdade Santa Maria no final de 2006, época em que o alunado total estará beirando a caso dos mil, caso já esteja aberto o curso de Farmácia, cujo processo tramita em Brasília, me disse Sheylla com a tranqüilidade de quem conhece o caminho das pedras. Tranqüilidade de quem acredita no que faz e sabe o que quer. Em nenhum momento identifiquei açodamento, ânsia de queimar etapas, de atropelar as coisas em busca de facilidades ou objetivos gananciosos. O que tem ocorrido é conseqüência do arrojo dessas meninas. E do acerto de atuar com os pés no chão e os olhos no futuro. Ganham dinheiro? Benza-se Deus, que ganhem sempre mais.

– Sheylla, e o curso de Medicina?

– A idéia era requerer autorização depois que a unidade de Farmácia estiver funcionando, mas agora…

– A idéia era ou é?

– Saiu no Gazeta que a prefeitura vai… ora, aqui mal comporta uma…

Quem falou assim foi Ana Goldfarb. Não reparei direito, mas acho que havia um ar de tristeza em sua face. Se ela me olhou, deve ter notado a mesma expressão no meu rosto.

Gente, se não querem ajudar, pelo menos não atrapalhem as meninas da Santa Maria. Problemas há muitos. Onde hospedar professores? Onde acomodar os alunos de outras cidades? E restaurantes decentes? Por que não se investe mais nesses nichos de mercado?

Regressei de Cajazeiras animado, com a certeza de que as meninas da Santa Maria pisam firme no chão. Sem aventura ou ingenuidade. Muito ao contrário, os pés estão fincados na terra. E nos terrenos adquiridos de vizinhos, à direita e à esquerda, para ampliações futuras. Restou o Café Santa Luzia. Quem sabe, Santa Maria (a santa) possa dar uma mãozinha ao Santa Luzia, o café. O café de Jeová.”

2010. Hoje, a FSM tem quase 2.000 alunos, 5 cursos funcionando, mais 2 autorizados. O café de Jeová deu lugar à expansão do campus. O laboratório do curso de farmácia virou empresa de medicamentos em implantação. Tudo isso, em 5 anos! E ainda me chamam de visionário…

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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