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Adjamilton Pereira

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O que nos faz humanos

11/07/2012 às 11h44

Vários leitores desta coluna me abordaram solicitando que retomasse aqui a questão dos maus hábitos que, de tão recorrentes, tornam-se corriqueiros. Hábitos e comportamentos que, diariamente, presenciamos, por exemplo, no trânsito de nossa cidade. Motoristas que exigem daqueles que estão a sua frente em um sinal de trânsito o dom da telepatia e da clarividência e que coloquem o veículo em movimento no mesmo compasso em que o farol verde é acionado. E quando isso não acontece você é submetido a um festival de buzinas.

Um destes meus interlocutores narrou em tom de humor como reagiu a um desses apressadinhos mau educado. Ao som da buzina insistente ele não se fez de rogado, desceu do carro e dirigiu-se ao outro motorista e, com singeleza, perguntou: você me chamou, buzinando tão acaloradamente. O bom humor, no entanto, nem sempre é nosso parceiro nessas situações. Em muitos momentos, a falta de gentileza no trânsito revela a forma como, no nosso dia a dia, expressamos comportamentos que consideramos incompatíveis com os níveis mínimos de civilidade.

Atitudes que manifestam formas de autoritarismo e de prepotência e que se personificam na corriqueira frase: você sabe com quem está falando?
Esses comportamentos podem ser observados, com freqüência, nas filas de bancos que tentamos furar desrespeitando quem a obedece. Quando estacionamos nosso carro em local indevido ou em áreas exclusivas para deficientes e idosos e ainda procuramos subornar o guarda que tenta nos multar.

Quando jogamos o lixo pela janela e acreditamos que aquele pequeno volume não trará nenhum prejuízo ao meio ambiente ou que, para limpar nossas ruas, temos que pagar mais tributos que poderiam ser empregados na melhoria das condições de atendimento nos hospitais públicos ou na construção de mais escolas e na melhor remuneração dos professores.

Que estacionar o carro em cima da calçada ou não observar os padrões adequados nas construções urbanas produzem situações em que, para deficientes, idosos e outras pessoas com limitações permanentes ou temporárias, representa um exaustivo e penoso exercício de trafegabilidade. Muitos, inclusive, têm suas condições de locomoção inviabilizadas por uma calçada construída fora do nível e que exige habilidades de alpinista.

Os comportamentos mudam na mesma proporção em que, com mais intensidade, cresce o contingente da população com acesso a educação, a leitura de livros, revistas e jornais, ao acesso a cinemas e espetáculos teatrais, a ouvir uma música de qualidade, a não ter seus ouvidos contaminados com a má qualidade de programas radiofônicos e televisivos.

Enfim, quando, a partir de nossas casas, começamos a entender que somente nos tornamos humanos no partilhar de experiências e vivências e na comunhão de entendimentos de que meus direitos são construções coletivas extensivas a todo o grupo.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira

Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Adjamilton Pereira é Jornalista e Advogado, natural de Cajazeiras, com passagens pelos Jornais O Norte e Correio da Paraíba, também com atuação marcante no rádio, onde por mais de cinco anos, apresentou o Programa Boca Quente, da Difusora Rádio Cajazeiras, além de ter exercido a função de Secretário de Comunicação da Prefeitura de Cajazeiras.

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