O quadro da fundação de Cajazeiras
Por Francisco Frassales Cartaxo – No começo dos anos 60, W. J. Solha viu no jornal que a terra do padre Rolim iria comemorar o centenário de emancipação, já festejado por outros municípios, incluindo Pombal, onde ele residia. Dali veio a Cajazeiras conhecer melhor sua história para pintar um quadro alusivo a nossas origens.
Aqui, um senhor chamado Cartaxo, que me lembrou Einstein, me levou ao chamado “Açude Grande”, na sua cidade, e mostrou o local de sua fundação, ao lado da represa, onde Vital de Souza Rolim construíra sua casa de fazenda, com a esposa Ana, ambos pais do célebre Padre Inácio de Sousa Rolim – cognominado por Pedro II de O Anchieta do Norte. Pintei o quadro. Detalhe inesquecível: o modelo do sorridente bebê que Mãe Aninha tem no colo, o futuro Padre Rolim, com que ela brinca com um rosário, foi uma foto da então recém-nascida filha do amigo Dr. Atêncio Bezerra Wanderley, de nome… Ana.
O senhor, associado por Solha a Einstein, era o poeta Cristiano Cartaxo, meu pai, que deve ter-lhe dito as razões da destruição, na década de 1950, da primeira casa do futuro núcleo urbano, residência do menino Inácio. Um atentado à preservação de notável símbolo material da história cajazeirense. Em nome de quê? Do progresso contra o atraso!
Disso não fala a AutoB/I/Ografia de Solha.
Nem interessa aqui. Agora, importa Ana Valéria Medeiros Wanderley, modelo usado para pintar Inácio. Ana! O mesmo nome de Ana Francisca de Albuquerque/Mãe Aninha. E de muitas outras Ana da nascente Cajazeiras: Ana Josefa de Jesus, mãe do tenente João Cartaxo, assassinado na Praça da Matriz, em 1872; Ana Bezerra de Sousa, filha de Antônio Pereira de Melo, primeiro professor de Inácio, segundo Deusdedit Leitão; Ana Antônia do Couto Cartaxo, neta do português, fundador da família Cartaxo no Brasil. Pois bem, aquela criança-modelo do artista plástico Solha foi a mesma, a quem seu pai, Atêncio Wanderley, vinte anos depois, recomendou:
– “Aninha! Declame para o Solha aqueles versos do Zé Limeira que falam de Zé Américo”.
Eu vi uma besta-fera/Perto da feira de gado/A cara cheia de chifre/Ô animá desgraçado!/Mesmo assim Pedro Segundo/Chamou seu Mané Raimundo/Foi grito pra todo lado/ (…) Zé Américo foi princeso/no trono da monarquia/de pareia com Sansão/Que governava a Bahia/Viajaro pra Sapé/Butaro lá um café/Só pra vendê melancia.
Assim nasceu o nome de livro maldito, Zé Américo foi Princeso no Trono da Monarquia. Intriga-me notar que Solha dedica cerca de um quarto de seu AutoB/I/Ografia a José Américo de Almeida.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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