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José Anchieta

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O poder do silêncio

27/01/2011 às 08h48

O Mário, colega de trabalho, emprestou-me O Poder do Silêncio, um livrinho pequeno e de poucas páginas. Está em cima de minha mesa de trabalho, lá na assessoria jurídica da Católica, junto da Bíblia e da Liturgia das Horas. Ele me emprestou sem colocar condições de devolução, querendo partilhar comigo os frutos que o livrinho lhe rendeu.

Propositadamente, não o trouxe para casa. Deixei-o lá, pois é lugar garantido de leitura. Não porque não tenha nada que fazer, muito pelo contrário: é que, chegando um pouco mais cedo, e lá permanecendo após o almoço, posso me dedicar àquilo que o cansaço do dia não permite fazer à noite: ler. E é porque as aulas ainda não começaram… No período letivo, a coisa muda. Não poucas madrugadas têm que ser passadas em claro, no estudo da lei, da doutrina e da jurisprudência, a tríade sagrada do direito.

Confesso que ainda não li todo o livro, pois, como bem diz o ditado “primeiro a obrigação, depois a devoção”. Ademais, apesar de pequeno, não é um livro para ler de uma vez. Tem que ser em “doses homeopáticas”, para que a leitura vá surtindo o efeito desejado.

Já nas primeiras páginas o autor disse a que veio: a nada. Não há a menor pretensão em dar lições, ou passar frases de efeito consagradas. Nada disso. O autor apenas e tão somente conduz o leitor à paz, ao encontro consigo mesmo, através da proposta de fazer silêncio. Ouvir o silêncio, como diz o Mário, para encontrar-se consigo e tomar consciência de si.

Parece um pouco complicado, mas nem tanto. Não precisa se preocupar com os pensamentos que insistem em atrapalhar o silêncio interior. Diz o autor que pensamentos são apenas pensamentos. Temos apenas que educá-los. Eles só nos prejudicam se deixarmos.

Viva é a recomendação a que o leitor, nos momentos de barulho, olhe para uma árvore. Só isso. Olhar e perceber a calma da árvore que, embora estática, tem profundas raízes firmadas no chão a lhe dar segurança e estabilidade. E disso tudo tirar as próprias conclusões.

Formidável o livrinho, que está em plena sintonia com toda a corrente espiritual cristã. Já os Padres (escritores cristãos dos primeiros séculos do cristianismo) reconheceram no deserto um lugar privilegiado para o encontro com Deus e consigo, desafio imenso! Os eremitérios foram oásis para muitos homens e mulheres que, saturados do barulho do mundo, se reencontravam no isolamento. E minha grande amiga, Teresinha do Menino Jesus, sintetizou tudo o que o livro traz e o Mário está sentindo: “o silêncio é a linguagem do céu”.

O silêncio diz tudo e não deixa lacunas ao dizer. Aguça nossa percepção, principalmente a espiritual. Portanto, silenciar o externo, mas, principalmente o interno é tudo o que a alma que busca a paz precisa.

Diz o Mário que já está ouvindo os galos cantando madrugada afora. Eu ainda não, mas espero ouvi-los.

Silêncio…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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