O nocaute do vírus
Por José Antônio de Albuquerque
Sou quase absolutamente leigo em matéria de petróleo quando se trata de produção e consumo em derredor do mundo. O máximo que me chama a atenção é quando chego diante da bomba para por gasolina no tanque do carro. Até recentemente, aqui na terrinha, quase extrapola a barreira dos cinco reais, mas nos últimos dias, por incrível que pareça, despencou para três reais e sessenta e quatro reais, com perspectivas de novas reduções.
Fiquei muito interessado quando vi, com destaque na imprensa, que os Estados Unidos e outros maiores produtores e também os maiores consumidores de petróleo do mundo, estavam implorando aos seus clientes que recebessem suas encomendas a serem entregues ao longo do mês de maio, mas a proposta teria sido recusada sob o argumento de que não tem mais onde estocar o óleo cru.
Qual a proposta, então, dos produtores e vendedores: “pagar aos compradores até U$ 36 por barril recebido e estocado”. Ou seja, o petróleo foi negociado a um preço negativo – caso inédito na história da indústria petrolífera mundial.
Diante deste quadro podemos chegar à conclusão de que foi o dia em que o preço de um litro de leite, que o produtor do sertão da Paraíba vende para os laticínios, valeu mais do que o preço de um barril de petróleo.
Qual foi a cidade do planeta terra que não teve suas atividades econômicas bloqueadas? A pandemia do mais novo coronavirus com apenas um soco de direita, (ou foi de esquerda?) fez o mundo “beijar a lona” antes do último round. As energias de origem fósseis, do qual o petróleo lidera mundialmente, foi por terra no primeiro round.
Ouvi uma entrevista do presidente da Petrobrás, que as medidas tomadas já em março, teriam evitado maiores perdas e que o preço da gasolina, que estava sendo entregue nas refinarias para os distribuidores era de apenas noventa e cinco centavos e a conclusão a que chegamos é a de que esta redução não está chegando à bomba onde abastecemos os nossos carros.
Essa redução do consumo aconteceu de modo espetacular, na cidade de São Paulo, a maior do Brasil, pois o tráfego de carros de passeio caiu mais da metade, chegando a melhorar consideravelmente o nível de poluição do ar e como também possui o aeroporto mais movimentado do Brasil, onde mais de 80% das aeronaves deixaram de pousar e decolar. Imagine a redução da quantidade de litros de querosene de aviação que vem acontecendo desde o inicio da pandemia?
Os maiores produtores de petróleo do mundo, principalmente os filiados à OPEP – Arábia Saudita e Rússia no meio – estão tentando segurar o preço do petróleo em torno dos R$ 30, mas o que se viu foi o petróleo do tipo Brent ser negociado na Bolsa de Londres a US$ 16 por barril.
Tenho lido muito procurando encontrar uma resposta, diante desta queda enorme do preço de petróleo, mas não a tenho encontrado ao que se relaciona ao nosso querido, amado e quase insubstituível botijão de gás, que em nossa cidade continua ao preço de setenta reais e que pesa muito no orçamento dos milhares de famílias que têm como renda principal o bolsa família.
Quem deve estar com as mãos na cabeça são os estados brasileiros produtores de petróleo, cujos royalties devem está desabando em grande velocidade, e em suas contas deverão pingar míseros reais, que serão adicionados aos outros também diminutos impostos, que poucos estão sendo gerados, tanto em face do fechamento do comércio e de muitas indústrias, mas principalmente o dos serviços.
Quando passar a pandemia do novo coronavírus, de uma coisa temos certeza (e não se sabe ao certo quando isso acontecerá), vai demorar muito tempo até que a economia mundial se recupere deste nocaute virótico.
As consequências deste vírus em nossa cidade ainda não podemos avaliar, mas estamos observando qual o impacto na nossa economia e escreveremos sobre este assunto em breve.
Moramos numa região que é considerada como “grotão de miséria”, portanto, milhares de pessoas estão sendo beneficiadas com os auxílios emergenciais do governo federal e isto vai proporcionar um aporte de recursos muito expressivo e poderá minorar a fome de muitos sertanejos.
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