O Hospital Regional e a velha política (3)
Nos trinta meses do governo Ricardo Coutinho, sob o comando de Emmanuelle Cariry, não houve avanços significativos no HRC na execução da estratégica de transformá-lo em unidade moderna de prestação de serviços e centro de qualidade para o ensino de saúde. Talvez tenha faltado apoio firme à jovem médica. Ou, quem sabe, a inexperiência e sua notória impaciência no trato da rotina hospitalar de emergência contribuíram para fragilizar-lhe a gestão. Pior ainda, o Hospital teria namorado práticas ortodoxas da velha política, embora sem a marca de crimes eleitorais. Por isso, Emmanuelle voltou ao mundo acadêmico e ao consultório, de onde saiu para atender a um apelo emergencial do governador no início de 2011. Foi isso o que, na época, me cochicharam ao ouvido.
Agora me dizem que a nova diretora, Maura Sobreira, tem o perfil adequado para conduzir o HRC a seu duplo objetivo mais relevante: combinar a melhoria na qualidade dos serviços prestados à população sertaneja e atender as demandas dos cursos da área de saúde existentes em Cajazeiras. Conduzir bem, é claro. Para isso, é necessário mais, muito mais, do que tomar decisões amadurecidas, corretas, tempestivas. Não conheço a enfermeira Maura, porém, amigos de diferentes vozes me garantem que ela sabe ouvir, tanto que está pondo em prática um sonho, acalentado por muitos de nós, de institucionalizar o Conselho Gestor do Hospital.
O Conselho Gestor é ferramenta de controle social.
Instrumento democrático de participação da sociedade, que funciona como barreira às investidas da velha política. Ora, esse espaço institucional para a representação plural da população comprometida com o interesse coletivo é tudo que os corruptos, ativos e passivos, ou caçadores de votos não querem. Essa gente costuma agir às escondidas, longe da luz do sol, dos olhares fiscalistas da rua. E os olhos e as vozes da rua fazem milagre…
Todavia, abrir o Hospital à sociedade não basta.
Sem querer ensinar o Padre Nosso ao vigário, lembro duas premissas básicas para o HRC: a) gerir bem o dia a dia dos serviços hospitalares e b) retomar os investimentos fundamentais à modernização do Hospital. Neste caso, significa cumprir a estratégia de aumentar o grau de complexidade dos procedimentos para tornar o HRC mais útil à população, aos estudantes e professores. Sem ter presente essa viga estratégica, o governo Ricardo Coutinho não fará jus ao conceito que vem firmando como gestor público sério e dedicado. Nem corresponderá ao apoio recebido do eleitorado de Cajazeiras. Mais importante ainda, se não dotar o Hospital de moderna infraestrutura estará surdo às deliberações do Orçamento Democrático que atribuiu elevada prioridade ao setor de saúde. E, como entende o MAC, a prioridade à saúde passa pela HRC. O momento é muito propício, agora que as ruas impuseram ao governo Dilma, entre outras coisas, melhoria urgente e efetiva na assistência médico-hospitalar e maior interiorização dos cursos de medicina.
Ao nomear Maura Sobreira, o governador Ricardo Coutinho manteve fidelidade à sua disposição de impedir que as garras da velha política se infiltrem na gestão do Hospital. Ele evitou, de novo, um retrocesso na trajetória do HRC iniciada em 2009. No entanto, precisa seguir em frente: atualizar e expandir sua infraestrutura. Dar ao velho Hospital novo centro cirúrgico, equipamentos modernos para diagnósticos seguros etc.etc. Projetos elaborados já existem. Falta decisão política de tirá-los da gaveta.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário