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Edivan Rodrigues

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Nostalgia em forma de crônica

10/11/2009 às 00h33

Por Francisco Cartaxo

Quando vejo a rapaziada de hoje ocupar portais, jornais eletrônicos, blogs ou qualquer um desses espaços na internet, me vem à lembrança retalhos da adolescência. Por exemplo, a experiência, por exemplo, de ver impresso o que produzimos a primeira vez é inesquecível. Foi em Fortaleza, quando cursava o científico no Colégio Castelo Branco. O professor de Geografia, João Hipólito, realizava concurso anual de redação para estimular seus alunos na arte de escrever. Naquele ano (teria sido 1956?), o tema “Todos Cantam sua Terra” era dirigido ao perfil da cidade de origem do aluno. Depois de muito quebrar a cabeça, de consultar o dicionário vezes sem conta, de escrever e reescrever o artigo nas dimensões fixadas pelo mestre, afinal, dei por concluído o trabalho.

A recompensa não tardou. O anúncio em sala de aula me deixou exultante e orgulhoso. A crônica sairia no jornal O Povo, com a indicação de que fora classificada em primeiro lugar. Emoção maior, no entanto, foi ler em tipos impressos no jornal cearense de maior circulação um canto de exaltação a Cajazeiras, num gesto de amor. Gesto de amor que repito, sob outros disfarces, a vida toda. Não recordo se consegui dormir na noite em que li e reli a crônica, isto é, a redação escolar, na qual registrava, entre outros coisas, que o abastecimento d’água era feito em lombo de jumento… Isso se tornou motivo de muita gozação dos colegas fortalezenses, para os quais eu deveria ter sonegado tão desagradável informação!

Emoção semelhante veio poucos anos depois. De férias em Cajazeiras, costumava escutar no começo da noite, todos os dias, o programa “A Voz dos Municípios”, da Rádio Borborema de Campina Grande, quando ainda não existia a Difusora e a Rádio Alto Piranhas. Atrevi-me a mandar um artigo comentando os efeitos da chegada da energia elétrica a Cajazeiras, gerada em Coremas, condição necessária à industrialização local. Postei a carta e fiquei na ansiedade todos os fins de tarde. Até que um dia, a voz firme de Gil Gonçalves inundou o mundo, lendo, palavra por palavra, a colaboração do ouvinte cajazeirense, publicada também do Diário da Borborema. O coração quase rompe ossos, carne e pele para vir festejar na sala do velho casarão, onde nasci, à margem do sangradouro do Açude Grande. Casarão que hoje serve de moradia para Maria Ilina e José Rafael, meus irmãos mais velhos, na Praça Cristiano Cartaxo.

Gil Gonçalves, que não conheci, era cajazeirense e fora pioneiro do radialismo em nossa terra no tempo das amplificadoras, transmitindo aos quatros cantos da cidade, como diziam vaidosos locutores de então. Carlito Holanda, José Gonçalves, os irmãos Rubens e Antônio Augusto Farias, José Adegildes, seu irmão Francisco Bastos e outros que, agora, escapam à memória. Eles muito ajudaram a lançar as bases do rádio em Cajazeiras. Hoje, atrevido, ousado, exportador de nomes para cidades maiores.

P S – Dedico esta crônica ao médico Gilvandro Assis, pelos seus artigos recentes, e ao comerciante José Epaminondas Braga, eterno nostálgico de nossa terra.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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