Ney Suassuna quer entrar na Academia
Por Francisco Frassales Cartaxo – Este ano Ney Suassuna quis entrar na Academia Brasileira de Letras. Alardeou ter mais de 40 obras, entre poesia, romance, discurso e quejandos. Espalhou livros a torto e a direito. Disputa prêmios nacionais, frequenta ambientes literários, inunda a mídia com as próprias glórias. Anunciou concorrer à Cadeira nº 5, da ABL, cujo Patrono, Bernardo Guimarães, foi jornalista, poeta, romancista, autor do famoso Escrava Isaura, adaptado à televisão em novela de grande sucesso.
Suassuna deu azar.
Para o lugar que desejou ocupar na ABL foi eleito, no dia 5 de outubro passado, Ailton Krenak. Mineiro, filósofo, poeta, indígena, pobre, militante da causa ambientalista. Ocupará a vaga deixada pelo professor, historiador, também de Minas Gerais, José Murilo de Carvalho, autor de extensa obra, consultada amiúde por Deus e o mundo, acerca da formação histórica e política da sociedade brasileira. E antes dele? Para honra da Academia, a cearense Raquel de Queiroz, orgulho dos nordestinos.
Uso do cachimbo faz a boca torta.
Ney começou a enriquecer ainda em Campina Grande dando aulas. Depois, ganhou o mundo. Com obstinação foi acumulando fortuna, a partir do negócio do ensino. Daí para a política foram passos programados com paciência e dinheiro. Quando eu tinha ligações estreitas com a política de Cajazeiras, ao se anunciar: Ney Suassuna vem aí, o formigueiro ficava assanhado. O alvoroço ia de cabos eleitoral a candidatos a prefeito. Era como em final de mês, quando o Trem Pagador passava na estação ferroviária de Pombal! À noite, os cabarés se enchiam de bêbados alegres com muitas raparigas para dançar etc., como romantiza Jerdivan Nóbrega nas Memórias tristes do rói-couro de Pombal.
Ney queria voar mais alto.
Habituou-se a usar sua fortuna, (não confundir com fortuna crítica) para a realização de seus projetos de vida. Na velhice acordou, cadê a imortalidade? Ora, posso comprar, teria sido o pensar pragmático. Tentou ingressar na Academia Paraibana de Letras, em 2019, candidatando-se à Cadeira nº 27, vaga com a morte do professor, jornalista, escritor, grande cronista, Carlos Augusto Romero. Ney cumpriu o ritual. Com as mãos cheias de livros visitou sócios da APL, falou em amor às letras e às artes. Mais falou do que ouviu. Às vezes, bravateou diante do silêncio de literatos do batente. Não obteve sucesso na Paraíba. Perdeu a vaga para Roberto Cavalcanti. Tenta agora a Academia Brasileira de Letras.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário