Mudando cabeças
Ainda falta mais de um ano para as eleições municipais. Mas as especulações sobre acordos, alianças, conchavos, apoios já são a principal temática das rodas de amigos, dos comentários em noticiários políticos. São tecidas inúmeras costuras e alinhavadas possibilidades de candidaturas, apontadas vantagens e descréditos de candidaturas, iniciadas apostas em nomes. Tudo começa a girar em torno da sucessão municipal e da composição do legislativo.
Os problemas coletivos são minimizados em nome dos interesses de pessoas ou grupos políticos que buscam preservar o poder e conservar campos de domínio. As plataformas eleitorais são, na esmagadora maioria dos casos, exercício de retórica que se dissipam ao vento do aracati que sopra nos palanques eleitorais. E Cajazeiras não escapa a essa realidade. Em nosso cotidiano o tema da sucessão municipal já ocupa muitos comentários. Nomes são lembrados e sugeridos. Composições são especuladas. Apostas são acordadas.
E como fica a realidade do município nesse cenário? O calor das campanhas eleitorais desperta paixões, alimenta disputas, estimula insensatezes. Mas os problemas que se avolumam nos birôs e preocupações da administração municipal ganham apenas ligeiras atenções. Não se aproveita o momento do embate político para se promover um amplo debate sobre a realidade concreta do município, discutindo quais entraves, problemas e dificuldades obstruem o curso das soluções para problemas que, a cada dia, se agigantam no âmbito da saúde pública, da educação, da geração de emprego, da política agrícola. Não se transformam os comícios, os debates, os programas eleitorais em fóruns privilegiados para se pensar o município e como, através de um planejamento cuidadoso e bem elaborado, é possível costurar saídas e alternativas para os problemas, pensados na dupla dimensão do curto e longo prazo.
O momento das disputas eleitorais não se transforma em campo propício para se esclarecer qual o verdadeiro papel do legislativo municipal na co-responsabilidade pela condução dos interesses do município. Eleger-se vereador, em muitos casos, representa uma demonstração da força e da pujança do prefeito eleito que, formando uma bancada majoritária, terá a garantia da subserviência e a certeza de aprovação de matérias de interesse de quem governa e que, em muitos momentos, nem sempre se perfila com as necessidades e carências da população.
Mudar essa realidade, reconheço, é um processo lento que carece de novas mentalidades. É necessário forjar novas concepções e novas elaborações de mundo e das relações que movem e alimentam o fazer político. Mas, começar a refletir sobre essa questão pode representar o primeiro passo nessa direção. E, como o primeiro passo é a alavanca para grandes jornadas, fica a sugestão.
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