Missa para o doutor João Leite
Por Francisco Frassales Cartaxo – A Lei Provincial Nº 92, de 23 de novembro de 1863, criou o município de Cajazeiras. Na próxima quinta-feira, portanto, completaremos 160 anos de existência, com personalidade jurídica, política e administrativa. A Lei foi sancionada por Francisco de Araújo Lima, que governou a Paraíba, entre maio de 1861 e fevereiro de 1864. Às vezes, esquecemos que aquela Lei instituiu, também, o município de Misericórdia, hoje Itaporanga. Uma só Lei, de poucos artigos, encurtou dois municípios do sertão paraibano: Sousa e Piancó.
No Império era comum que núcleos urbanos progressistas lutassem anos a fio para conquistar sua independência. Lideranças locais, deputados provinciais encaminhavam memoriais que dormiam em gavetas à espera de tempo bom… Outros logo morriam. As iniciativas frustravam-se por diferentes motivos, o mais comum era o temor de chefes políticos locais terem suas bases eleitorais enfraquecidas. Os coronéis se fortaleciam na medida em que suas poderosas famílias tinham sob controle chefes de povoações em seu território. Daí advinha seu prestígio junto aos chefes das oligarquias provinciais, aliás, realidade semelhante à dos dias atuais.
Cajazeiras, como núcleo urbano sertanejo jovem, (comparado com Pombal, Catolé do Rocha, Patos, São João do Rio do Peixe), sempre teve vínculo político-partidário com Sousa, sobretudo, com o grupo familiar chefiado pelo padre José Antônio Marques da Silva Guimarães (1806-1888), do Partido Liberal. Vigário permanente de Sousa, deputado provincial de vários mandatos, desde a primeira legislatura (1835-36), exercia sua liderança em vasta área do sertão do Rio do Peixe.
Quem foi o autor do projeto de criação de Cajazeiras?
Não partiu de Sousa a iniciativa. É certo que antes houve várias tentativas de conquistar nossa emancipação. Todas frustradas, menos uma, de autoria do deputado João Leite Ferreira Júnior. Membro de fortíssimo clã do vale do Piancó, bacharel pela Faculdade de Direito de Olinda (1850), doutor João Leite (o filho) exerceu mandato de deputado provincial de 1858 a 1864, quando foi eleito deputado geral, em dois mandatos seguidos até 1868, ficando bem perto do poder imperial.
Não é sem razão que no dia 7 de novembro de 1878, o chefe do Partido Liberal de Cajazeiras, Comandante Vital de Sousa Rolim, mandou celebrar missa pelo sufrágio da alma de Dr. João Leite Ferreira, que tantos e relevantes serviços prestou a nossa terra.
Fica o registro, extraído de João Rolim da Cunha. A historiadores jovens, esta sugestão: pesquisem a fundo as causas desse fato.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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