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Edivan Rodrigues

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Golpe em Honduras

28/09/2009 às 10h23

Por Francisco Cartaxo

Parecia mais um golpe de estado. Parecia, mas não foi. Executado por militares hondurenhos, em conluio com os poderes judiciário e legislativo, tomou rumo inusitado, tanto que, quase três meses após a deposição do presidente, eleito em 2005, Manuel Zelaya Rosales, ainda persiste a confusa situação com dois presidentes em Honduras. Um de direito, Zelaya, democraticamente eleito pelo voto direto, por enquanto, abrigado na Embaixada do Brasil; e o outro, presidente de fato, o golpista Roberto Micheletti, que dirige um governo não reconhecido por nenhum país do mundo.

Que pretexto usaram para dar o golpe? O presidente Zelaya marcara para 28 de junho um referendo para saber se os eleitores queriam a convocação de Assembléia Constituinte que, dizia-se, aprovaria a reeleição presidencial, hoje proibida. Alegou-se que tal consulta feria a Constituição e, por isso, depuseram o presidente eleito nas urnas. Foi assim. Assim mesmo. Os golpistas rasgaram a Carta Magna de Honduras porque enxergaram na atitude de Zelaya a intenção perpetuar-se no poder…

O pretexto não convenceu ninguém. Daí a reação pronta dos paises latino-americanos e dos Estados Unidos. E da Europa. Reação que não ficou só nas costumeiras e inócuas declarações formais de protesto. Foi além, muito além, por meio de ações concretas, de sanções impostas, como a expulsão de Honduras da OEA e, também, da tentativa de negociar a volta do presidente deposto em 28 de junho.

Quais foram então as causas reais do golpe? São muitas, porém, em essência, o golpe se deu como reação da elite a um governo que passou a executar programas sociais que beneficia a maioria da população pobre. Mas isso mexeu com interesses dos grupos econômicos de dentro e de fora de Honduras. Cito três exemplos, colhidos no jornal Le Monde Diplomatique. Primeiro, para baixar os preços dos remédios, Zelaya acertou a compra de medicamentos genéricos produzidos em Cuba, contrariando laboratórios locais que pertencem a grupos familiares, também donos de meios de comunicação. Segundo, Zelaya desmanchou o esquema de distribuição de derivados de petróleo, mediante troca de combustíveis da Venezuela por alimentos em condições favoráveis. Terceiro, em outra medida, o governo de Zelaya aumentou significativamente o salário mínimo, desagradando empresas produtoras e exportadoras de frutas, incluindo algumas que mantêm vínculos profissionais com escritórios de consultorias que servem também ao governo americano.

Em resumo, a gestão de Zelaya agrada ao povão e desagrada às classes poderosas. Estas com medo do povo, deram o golpe em Honduras, país pequeno, com menos 8 milhões de habitantes, sua economia depende dos Estados Unidos, para o qual manda 70% das exportações, sobretudo, café, banana, abacaxi, lagosta, camarão, carne e outros bens, e de onde recebe mais de 50% do que importa.

Afinal, quem é mesmo Roberto Zelaya? Um empresário rico, da elite, nada parecido com nosso Lula. Eleito em 2005, deixaria o governo em janeiro de 2010. A dura realidade de miséria da pobre Honduras, o aproximou de Hugo Chávez, a ponto de ingressar na Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA), em agosto de 2008.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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