CZ ganha escola de Ensino Médio, será que ela precisa?

Coluna de José Antônio

A cidade de Cajazeiras deverá ganhar uma Escola de Ensino Médio, no valor de 3,6 milhões, cujos recursos foram destinados pelo deputado federal Wellington Roberto. A obra será construída pelo Estado em parceria com a Prefeitura de Cajazeiras, que ficará responsável pela doação do terreno. Os recursos, segundo informou o representante do governo, já começaram a ser empenhados. O prefeito Zé Aldemir convocou sua equipe técnica, e determinou providências para avançar no processo de definição do terreno para localização da obra.

Muito embora, o Ensino Médio seja responsabilidade do estado, seria extremamente necessário que o prefeito José Aldemir e sua competente secretaria de Educação, a professora Socorro Delfino, apresentasse junto ao governo do estado e ao próprio ministério uma alternativa com relação a localização desta escola, que é muito bem vinda para o nosso município.

Fica uma pergunta: a sede do município de Cajazeiras estaria precisando de mais uma escola de nível médio? De pronto eu responderia, sem medo de errar e diante de várias evidências que NÃO.

Mas, como alternativa, defendo a construção desta escola no Distrito de Engenheiro Avidos. Por quê? Tenho vários fundamentos para justificar este meu ponto de vista: 1º – o município precisa urgentemente ter uma escola de nível médio voltada exclusivamente para o agronegócio; 2º – na sede já existem mais de 28 cursos de nível médio profissionalizante, mas nenhum voltado para este importante setor da economia; 3º – com a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco, tendo como aporte principal no nosso município, o Açude Engenheiro Avidos, seria necessário criarmos um núcleo de estudos da utilização desta imensa riqueza; 4º – a construção da nova rodovia, asfaltada, que liga a BR 230 à sede do Distrito; 5º – esta escola formaria os técnicos voltados para todos os segmentos do agronegócio, principalmente os voltados para a produção de frutas, hortaliças, peixes, zootecnia, leite, gado de corte, inseminação, laticínios, pastagem, caprinos, suínos, aves, máquinas agrícolas, tecnologia rural e uma infinidade de outros segmentos do que existe de mais importante no mundo de hoje que é o da produção de alimentos.

Teria alunos com interesses neste tipo de escola? Não tenho a menor dúvida que sim, basta ver o sucesso de outras escolas de nossa região, a exemplo da de São Gonçalo, de Mombaça, do Crato, de Lavras da Mangabeira, sem falarmos na infinidade destes cursos existentes no centro oeste e no sul do Brasil.

O campo, nos dias atuais, com o avanço da tecnologia, está exigindo cada vez uma mão de obra especializada e que possa dar respostas a este exigente e novo e rico mercado de trabalho.

Portanto, investir quase quatro milhões de reais numa escola de ensino médio em Cajazeiras, tendo como principal objetivo formar jovens para o ensino superior, neste momento em que vivemos, é um grande desperdício de recursos financeiros e principalmente humanos. E se for feito um levantamento tem vagas ociosas em todos os estabelecimentos de ensino médio em Cajazeiras, portanto, é chover no molhado.

Vale lembrar que o governo quer implantar em definitivo o ensino de tempo integral, onde os alunos terão as alimentações na própria escola e esta poderia até servir de modelo, ao se construir no seu entorno alojamentos, a exemplo das “residências universitárias”. Seria simplesmente extraordinário. O fato é que o Ministério da Educação não conhece com profundidade as nossas reais necessidades e é num momento como este que deveríamos apresentar uma nova proposta de ensino, sem olhar simplesmente para os números frios que são apresentados na estatística enviada a cada ano para o Ministério e para a Secretaria Estadual de Educação, assim procedendo fica mais do que evidenciado que a região do Distrito de Engenheiro Avidos não tem demanda de alunos para justificar a criação de sua escola de nível médio.

Teria o município dificuldades em construir esta escola no Distrito de Engenheiro Avidos, então provoca uma reunião com os técnicos do estado mais os do município e pessoas da sociedade interessadas neste assunto, que com certeza se encontrarão saídas para possíveis impasses.

Com relação ao terreno, ficaria até mais fácil para o município, tendo em vista ser bem mais barato e até mesmo poderia conseguir junto ao DNOCS, que é o donatário de todos os terrenos no entorno da sede do Distrito.

Em julho do ano passado fiz uma pergunta quase idêntica a esta: como vamos aproveitar esta imensa riqueza que vai passar por todo o leste do município de Cajazeiras? E hoje volto a fazê-la: uma forma de aproveitar a riqueza das águas, que serão abundantes e permanentes é criando uma escola voltada para o agronegócio para formar mão de obra e dar suporte a todos os produtores da região, que poderão destinar suas propriedades para campo de estágio do alunado da escola.

Com um pouco de vontade e disposição, se o prefeito Zé Aldemir conseguir este feito, será a obra que marcará o seu governo para a posteridade no setor educacional. Vamos pra luta José!

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José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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