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Francisco Cartaxo

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Cajazeiras e São José de Piranhas

24/03/2013 às 16h21

 

A história de Cajazeiras está ligada a de São José de Piranhas. Não falo da história recente, mas do passado, da origem dos dois municípios sertanejos. Por isso não me refiro à cidade atual, (ex-Jatobá), que substituiu o núcleo urbano inundado pelo Açude Engenheiro Ávidos. As ligações do presente são importantes, porém, no passado elas foram muito significativas e entrelaçadas em vários campos: na política, na economia, na religião, nos laços de família. De forma que, é impossível compreender a evolução inicial de nossa história sem conhecer a conduta de personagens que marcaram a formação desses municípios. Basta mencionar dois momentos simbólicos para tornar mais clara a afirmativa.

A primeira feira semanal, ocorrida em 1848, quando Cajazeiras não passava de uma povoação integrada ao território de Sousa, da mesma forma que Santa Fé e São José de Piranhas, onde, aliás, a nascente Cajazeiras provia seu abastecimento. Só a partir daquele ano, com a feira, foi o povoado criando as condições para expandir-se, graças à visão, ao esforço de suas lideranças, tendo à frente o comandante Vital Rolim, o tenente Sabino Coelho e o padre Inácio Rolim. Naquele longínquo 1848, a feira semanal era um acontecimento de muito mais repercussão do que a simples compra e venda de mercadorias, como sucede hoje. A feira servia para essas trocas, é claro, mas se prestava também a um sem números de outros papéis. Ali se faziam presentes fazendeiros, agricultores, mascates, escravos, vendedores de todos os tipos de mercadorias e animais existentes na redondeza. E poetas repentistas. Em dia de feira fatos e boatos circulavam de boca em boca, como atualmente se propagam em rádio, televisão e jornal. Fechavam-se acordos políticos e se encomendavam crimes de morte. Quantos corpos ficaram inertes no chão de feiras… Nas feiras, prepotentes delegados e seus asseclas a serviço de chefes políticos do partido no governo exerciam seu irresistível poder de pressão em tempo de eleição. Por tudo isso, a feira era o acontecimento. Pois bem, ao instituir a feira em Cajazeiras, as relações com São José de Piranhas e Santa Fé começaram a tomar nova feição.

Um segundo momento simbólico é de natureza eleitoral. A autonomia político-administrativa de Cajazeiras, em 1863, veio com a incorporação ao novo município dos distritos de São José de Piranhas e Santa Fé. Assim, a jurisdição eleitoral com sede na vila de Cajazeiras ampliou-se e adquiriu, por imposição legal, muito mais heterogeneidade, alterando a correlação de forças na disputa pelo poder local, antes restrita aos grupos cajazeirenses aglutinados no Partido Liberal e no Partido Conservador. Portanto, sem conhecer bem as nuanças desse intrincado momento de nossa história, insisto, é impossível desvendar, sem fantasias, episódios nebulosos, tais como o conflito armado do dia 18 de agosto de 1872, quando foi morto o tenente João Antonio do Couto Cartaxo, chefe do Partido Liberal.

Deusdedit Leitão deixou livros e textos esparsos acerca da história dos dois municípios, que muito ajudam a esclarecer nosso passado. Hoje, estudiosos de São José de Piranhas refazem essas trilhas históricas e lançam mais luz nessa nebulosa fase, à frente o historiador Messias Ferreira Lima, coadjuvado por outros mais jovens, como o professor Francisco Pereira, Marconi Gomes Vieira, para citar apenas dois.

 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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