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José Anchieta

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Água que queima, fogo que rega

01/06/2011 às 10h46

Estamos nos aproximando da festa de Pentecostes, cinquenta dias nos separam daquela Noite Santa, em que Cristo, com sua morte, venceu o pecado, devolvendo-nos ao coração amoroso do Pai.

É a festa do Espírito Santo que foi derramado sobre os discípulos reunidos no cenáculo, com Maria, em oração. Mas, também é a nossa festa que, com eles, recebemos a graça que vem do alto.

O Espírito Santo, juntamente com o Pai e o Filho, é Deus. Já no batismo O recebemos, tendo sido possível a nós a graça de sermos chamados “filhos de Deus”, como de fato o somos. Com o batismo, de terrenos que éramos, fomos transformados em divinos.

Pelo Sacramento Primeiro, entramos na Santa Igreja de Deus, nos tornamos conformes à imagem do Filho, Jesus, e fomos destinados a reinar com Ele. Esta recompensa não é mais terra, como a dos nossos pais que peregrinaram no deserto, mas é o céu, o “novo céu”, cujas portas estão generosamente abertas. Lá, como já aqui, somos mais honrados que os próprios anjos. A água divina deitada sobre a nossa cabeça naquele feliz dia apagou as “imensas e inextinguíveis” chamas infernais que abrasavam o nosso peito, distante de Deus.

Mais ainda, foi através do batismo que nascemos de verdade. Não tanto o primeiro nascimento, o corporal, mas o segundo, o espiritual, pelo qual nos tornamos participantes da mesma natureza de Deus. Nascer de novo é preciso, sob pena de não entrarmos no Reino de Deus, disse o próprio Cristo: “em verdade, em verdade, te digo, se alguém na nasce da água e do Espírito, não ode entrar no reino de Deus” (Jo 3, 5).

Mas, acontece que a fonte batismal não é apenas fonte de água, é também fonte de luz. Iluminados, podemos iluminar os outros, pelas nossas palavras e obras, apoiados com os dons que vêm do alto. Pelas mãos sacerdotais, as benditas mãos do padre, o Espírito veio sobre nós e nos fortaleceu, ao nos dar sabedoria e graça. Salutar remédio que, de uma vez, curou o corpo e a alma feridos morte.

Feitos de terra, do mais desprezível pó da terra, fomos transformados em luz. Argila na mão do oleiro. Barro que precisa de água e de fogo. Água para se deixar moldar, fogo para ser robustecido e, assim, estar pronto para o uso. Fogo devorador, mas fogo iluminador e fortificador.

Deus é esse fogo devorador que, por amor, nos ilumina e nos fortifica. Dele precisamos, senão, não somos.

“Precisamos, portanto, do Espírito Santo para a nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água espiritual é também capaz de queimar como o fogo” (Do Tratado sobre a Trindade, de Dídimo de Alexandria, século IV).

Vinde, Espírito Santo.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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