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Radomécio Leite

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Água! O problema número um de Cajazeiras

18/03/2011 às 13h16

Em julho de 1956, em uma edição do jornal Correio do Sertão, Dom Zacarias Rolim de Moura, então bispo da diocese de Cajazeiras, publicou um artigo, com o titulo: Água! O problema número um de Cajazeiras e nele cobra, das autoridades, o já tão prometido abastecimento: “a água potável representa para Cajazeiras um destes problemas – chaves, de cuja solução depende o equacionamento de seus anseios de progresso e a concretização de suas alevantadas iniciativas”.

Em outra parte do texto, diz ainda que Cajazeiras não podia continuar vendo cruzar os céus os aviões de carreira (os Douglas), enquanto a população se abastecia “de uma água transportada em ancoretas, sobre o dorso de estóicos jumentos, num gritante contraste com os “Douglas” que rasgam os nossos céus azuis”.

E Dom Zacarias cita quais os passos que já haviam sido dados para a conquista de tão almejado sonho: já existia um estudo realizado pelo Escritório Saturnino de Brito e aprovado pelo Banco de Desenvolvimento Econômico.

E ainda durante um Encontro de Bispos do Nordeste, realizado em Campina Grande, cita Dom Zacarias: “tivemos o grato ensejo de incluir entre as recomendações de projetos em longo prazo, o abastecimento d’água de Cajazeiras, consubstanciando o assunto com dados concretos e indicando verbas já existentes em alguns ministérios e serviços federais, verbas estas, perfeitamente aplicáveis aos investimentos em foco”.

Anteriormente, Dom Zacarias, já havia sido portador de um documento ao presidente da República, firmado pelos representantes da política, da administração e das classes organizadas de Cajazeiras.

Dom Zacarias lembra ainda que Ivan Bichara, então deputado federal, já tinha feito um discurso, em 18 de maio, na Tribuna da Câmara, se referindo ao Encontro dos Bispos do Nordeste, defendendo a causa e vale destacar um trecho: “e, particularmente, quero relembrar ao Presidente Juscelino Kubitschek a solene promessa que fez na campanha de 1955, à minha terra natal, a cidade de Cajazeiras, afirmando que se fosse eleito atenderia aquela aspiração dos cajazeirenses”.

O jornal Correio do Sertão, que circulou mensalmente, entre 1950-1960, publicou outras notícias sobre esta luta da cidade em defesa de seu abastecimento d’água. Fato que só veio a se concretizar no ano de 1964, quando das comemorações do centenário de criação do município.

Cajazeiras, segundo o IBGE, em 1964, tinha 38.576 habitantes e apenas 16.784 residiam na zona urbana, em 2011, somos 58.316 (com cerca de 23% na zona rural), isto significa que a população urbana quase triplicou e o sistema de distribuição d’água de 1964, continua o mesmo, o que tem provocado constante falta d’água na cidade.

Na CAGEPA de Cajazeiras existe uma função inusitada: a de manobrista. O trabalho deste cidadão é fechar/abrir um registro, todos os dias, para distribuir água, um dia para um setor, outro dia para outra região. Não se pode admitir que uma cidade do porte de Cajazeiras viva em constante racionamento d’água por culpa de um sistema que está totalmente sucateado e ultrapassado e que tem mais remendo do que cobertor de pobre.

As reclamações são constantes, mas as nossas autoridades, os nossos representantes na Assembléia Legislativa da Paraíba silenciam diante do clamor do povo, mas não têm parado de “brigar” para nomear os seus afilhados para os cargos da CAGEPA, em Cajazeiras.

Faço minhas as palavras de Dom Zacarias, ditas em 1956, água em Cajazeiras é prioridade número um. Temos uma pequena esperança de que o governador Ricardo Coutinho tire esta miserável sina de Cajazeiras, vivida há décadas, de ter o mais sucateado serviço de abastecimento da Paraíba e que possamos aposentar o “manobrista” da CAGEPA.

Por favor, “não riam de mim” os sousenses.
 

Radomécio Leite

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Contato: [email protected]

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