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Saulo Péricles

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A Paraíba e seu complexo de inferioridade

21/08/2024 às 20h43

Imagem Ilustrativa (Foto: Montagem/ João Pessoa/ Paraíba)

Por Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira – Leitores meus: vou tentar fazer uma análise do que acontece envolvendo nosso estado e o vizinho estado de Pernambuco, que ao que parece, todos nós temos uma espécie de sentimento de inferioridade quanto ao vizinho “Leão do Norte” esse estado, que historicamente cometeu e comete grandes equívocos, (até eu me embelezei por ele, pois me formei lá), não vejo, assim como alguns poucos concidadãos nossos essas tão grandes diferenças. As minhas famílias, bem como a maioria das famílias daqui tem suas raízes oriundas de Pernambuco, pois Jerônimo de Albuquerque que foi o cognominado o “Adão pernambucano”, espraiou bastante de sua profícua descendência para as terras setentrionais, que aqui eram habitadas pelos índios Potiguaras, e somente com o reforço de Pirajibe, e os seus guerreiros Tabajaras, se conseguiu colonizar a nossa Paraíba.

Mas não vamos nos desviar do cerne do que temos para apresentar. Pernambuco sempre teve a Paraíba como uma espécie de estado vassalo, aquele que de tempos em tempos tem que se prostar e prestar reverência a esse estado “maior” em importância, e isso como que entrou na mente de muitos Paraibanos, com perdas significativas para nosso estado, apesar das suas potencialidades. É como ver um elefante na sala e os pernambucanos dizerem: Isso não existe, mas o elefante ainda está lá. Temos o ponto mais oriental das Américas, a plataforma continental que termina mais próxima do litoral em todo o país, e por essas características singulares, lugar onde é mais favorável e barato para se construir um porto de águas profundas próximo à Europa. Mas esse porto tem que ir para Pernambuco. O Ramal da ferrovia Transnordestina que deveria cruzar a Paraíba foi excluído do plano plurianual no primeiro governo Dilma, e seu autor, o Senador Vitalzinho, se contentou com uma sinecura de ministro do Tribunal de Contas. Na Paraíba existe o lugar de maior potencial eletrovoltaico do país, com quase 360 dias de sol. O que era uma desgraça, hoje é fonte de riqueza, com reservas para os próximos quatro bilhões de anos, mas não existe uma divulgação disso para que nós paraibanos venhamos a aproveitar desse potencial, que será o mesmo vem sendo, explorado por empresas alienígenas, e a gente ficando com uns trocados. O mesmo acontece com o potencial eólico da Serra da Borborema.

Voltemos ao passado. Os pernambucanos não reivindicam a vitória sobre os holandeses nas Batalhas dos montes das Tabocas e Guararapes; e quem comandava os Brancos? Um mameluco paraibano chamado André Vital de Negreiros. Quem foi enforcado e esquartejado em 1817? Peregrino de Carvalho, paraibano. Existe uma cidade lá no fim da Paraíba que se chamava “canto do feijão”, que mudou seu nome para Trunfo, sabe o porquê? Porque foi lá em que as tropas do Império, ao lado de bravos paraibanos derrotaram a Confederação do Equador, que queria dividir o Brasil e fazer a capital desse novo país Recife. E somente alguns sabem desse feito…

Mais para cá: no auge da ditadura militar, se queria proibir o jogo do bicho, mas aqui tinha um governador chamado João Agripino, que sabendo desse intento pediu uma lista de todos dos banqueiros e cambistas da paraíba e ficou esperando. Quando veio o general com a ordem para proibir essa contravenção ele exibiu a lista e disse: “Eu proíbo quando vocês arrumarem um emprego para todos esses pais de família que vivem desse jogo”. E o jogo do bicho é tolerado até hoje, enquanto o fraco Nilo Coelho de Pernambuco obedeceu e ficou com o apelido de “Nulo Coelho”.

O pai de Assis Chateaubriand fazia para que seu filho não vivesse em Recife morando com “esses degenerados meridionais”, como ele rotulava os pernambucanos.

O problema é que nos ensinam desde criança que somos inferiores a esses perdedores O Ceará, sem Zona da mata, já passou Pernambuco, a Bahia está a anos Luz, com o lado oeste do São Francisco tomado em 1824. Passa o tempo em que a gente precisa levantar a cabeça para esses arrogantes usineiros falidos, e não ficarmos com nossos representantes em Brasília imitando Marco Maciel. Com aquele pescoção dizendo sim para Fernando Henrique e os sulistas.

Chamam João Pessoa de “a capital dos aposentados”. Nós deveríamos ser na realidade “a capital dos empreendedores”. Então estaríamos no rumo certo.

João Pessoa, 19 de agosto de 2024


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Saulo Péricles

Saulo Péricles

Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: [email protected]

Saulo Péricles

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Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

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