A Paraíba e seu complexo de inferioridade
Por Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira – Leitores meus: vou tentar fazer uma análise do que acontece envolvendo nosso estado e o vizinho estado de Pernambuco, que ao que parece, todos nós temos uma espécie de sentimento de inferioridade quanto ao vizinho “Leão do Norte” esse estado, que historicamente cometeu e comete grandes equívocos, (até eu me embelezei por ele, pois me formei lá), não vejo, assim como alguns poucos concidadãos nossos essas tão grandes diferenças. As minhas famílias, bem como a maioria das famílias daqui tem suas raízes oriundas de Pernambuco, pois Jerônimo de Albuquerque que foi o cognominado o “Adão pernambucano”, espraiou bastante de sua profícua descendência para as terras setentrionais, que aqui eram habitadas pelos índios Potiguaras, e somente com o reforço de Pirajibe, e os seus guerreiros Tabajaras, se conseguiu colonizar a nossa Paraíba.
Mas não vamos nos desviar do cerne do que temos para apresentar. Pernambuco sempre teve a Paraíba como uma espécie de estado vassalo, aquele que de tempos em tempos tem que se prostar e prestar reverência a esse estado “maior” em importância, e isso como que entrou na mente de muitos Paraibanos, com perdas significativas para nosso estado, apesar das suas potencialidades. É como ver um elefante na sala e os pernambucanos dizerem: Isso não existe, mas o elefante ainda está lá. Temos o ponto mais oriental das Américas, a plataforma continental que termina mais próxima do litoral em todo o país, e por essas características singulares, lugar onde é mais favorável e barato para se construir um porto de águas profundas próximo à Europa. Mas esse porto tem que ir para Pernambuco. O Ramal da ferrovia Transnordestina que deveria cruzar a Paraíba foi excluído do plano plurianual no primeiro governo Dilma, e seu autor, o Senador Vitalzinho, se contentou com uma sinecura de ministro do Tribunal de Contas. Na Paraíba existe o lugar de maior potencial eletrovoltaico do país, com quase 360 dias de sol. O que era uma desgraça, hoje é fonte de riqueza, com reservas para os próximos quatro bilhões de anos, mas não existe uma divulgação disso para que nós paraibanos venhamos a aproveitar desse potencial, que será o mesmo vem sendo, explorado por empresas alienígenas, e a gente ficando com uns trocados. O mesmo acontece com o potencial eólico da Serra da Borborema.
Voltemos ao passado. Os pernambucanos não reivindicam a vitória sobre os holandeses nas Batalhas dos montes das Tabocas e Guararapes; e quem comandava os Brancos? Um mameluco paraibano chamado André Vital de Negreiros. Quem foi enforcado e esquartejado em 1817? Peregrino de Carvalho, paraibano. Existe uma cidade lá no fim da Paraíba que se chamava “canto do feijão”, que mudou seu nome para Trunfo, sabe o porquê? Porque foi lá em que as tropas do Império, ao lado de bravos paraibanos derrotaram a Confederação do Equador, que queria dividir o Brasil e fazer a capital desse novo país Recife. E somente alguns sabem desse feito…
Mais para cá: no auge da ditadura militar, se queria proibir o jogo do bicho, mas aqui tinha um governador chamado João Agripino, que sabendo desse intento pediu uma lista de todos dos banqueiros e cambistas da paraíba e ficou esperando. Quando veio o general com a ordem para proibir essa contravenção ele exibiu a lista e disse: “Eu proíbo quando vocês arrumarem um emprego para todos esses pais de família que vivem desse jogo”. E o jogo do bicho é tolerado até hoje, enquanto o fraco Nilo Coelho de Pernambuco obedeceu e ficou com o apelido de “Nulo Coelho”.
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O pai de Assis Chateaubriand fazia para que seu filho não vivesse em Recife morando com “esses degenerados meridionais”, como ele rotulava os pernambucanos.
O problema é que nos ensinam desde criança que somos inferiores a esses perdedores O Ceará, sem Zona da mata, já passou Pernambuco, a Bahia está a anos Luz, com o lado oeste do São Francisco tomado em 1824. Passa o tempo em que a gente precisa levantar a cabeça para esses arrogantes usineiros falidos, e não ficarmos com nossos representantes em Brasília imitando Marco Maciel. Com aquele pescoção dizendo sim para Fernando Henrique e os sulistas.
Chamam João Pessoa de “a capital dos aposentados”. Nós deveríamos ser na realidade “a capital dos empreendedores”. Então estaríamos no rumo certo.
João Pessoa, 19 de agosto de 2024
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