A difícil construção da ACAL
Tenho sido indagado por diversas pessoas com relação à seleção dos nomes que constituíram a Academia Cajazeirense de Artes e Letras e mais ainda o porquê de alguns nomes terem ficado de “fora”.
E tenho tentado explicar. Em alguns casos chego a convencer o interlocutor, mas noutros nem tanto, principalmente quando a defesa é feita por pessoas as quais o reclamante tem laços familiares.
Tenho conhecimento que a professora Carmelita Gonçalves e o Padre Gervásio Fernandes teriam sido “abordados”, mas teriam declinado do convite por razões muito pessoais. Estes dois nomes são os mais “citados” pela ausência na composição da Academia.
Com relação à escolha dos Patronos foi uma caminhada difícil e até dolorosa, em função da riqueza de nomes que existe na História de Cajazeiras. Inicialmente tinham 65 nomes e poderia ter o dobro, mas para seguir o modelo de todo o Brasil, somente 40 anos nomes deveriam compor a ACAL.
Pode ter havido injustiça? Posso até afirmar que sim. Houve discordância entre os nomes dos Patronos? Houve sim. Eu mesmo gostaria imensamente que alguns nomes de filhos desta terra tivessem sido “laureados” como patronos e poderia citar alguns: vou começar pelo poeta: João Mendes da Cunha, aluno da professora Vitória Bezerra e se tornou um primoroso poeta com livros emprestados por Cristiano Cartaxo dentre outros literatos e é considerado como o poeta da rima rica e o “rei” dos acrósticos”. A beleza de suas poesias é traduzida em um dos seus livros “Gritos de Saudade”, publicado em Campina Grande em 1989.
Por que Amaro de Lira e César não foi patrono? Mas quem foi este cidadão? Além de ser um primoroso poeta, teve uma carreira brilhante como jurista no estado de Pernambuco, sendo até hoje o único filho desta terra, nascido no Sítio Catolé, a assumir o cargo de Desembargador num Tribunal de Justiça. E ele o foi no de Pernambuco.
E o poeta da natureza, Gilvan Meireles? Era um dos nomes que constava entre os 65 do inicio. Talvez tenha faltado um grito, uma palavra mais forte.
Não teria faltado mais outro nome que representasse a nossa maior riqueza, que foi o algodão? Seria Major Galdino Pires, Coronel Peba ou Higino Pires Ferreira?
E para ver o quanto foi difícil e complicada a montagem da ACAL, na constelação dos filhos ilustres de Cajazeiras, por que ficou fora Francisco Bezerra de Sousa, que foi vereador, fundador do Partido Liberal, abolicionista e um dos maiores proprietários do sertão paraibano, em cujo inventário constou trinta e duas propriedades agrícolas, dez fazendas de criação e oitenta prédios no perímetro urbano da cidade e foi sem dúvida um dos maiores construtores de Cajazeiras? Mais uma injustiça?
Teríamos esquecido, apenas para citar três nomes da vida pública, Sabino Gonçalves Rolim, que foi Intendente, Conselheiro e prefeito de Cajazeiras por 16 anos (1913-1929) e deputado estadual? E Otacílio Jurema? E Arsênio Rolim Araruna, que além de prefeito deu uma enorme contribuição como militante na imprensa cajazeirense?
Quando olhamos os nomes dos sacerdotes que poderiam ter sido patronos aí sim é que não foi tão fácil, quando deixamos de fora o Padre Manoel Mariano de Albuquerque, Padre Anselmo Duarte e Monsenhor Abdon Pereira.
Indago também, porque o padre Raimundo Honório Rolim, o parente vivo mais próximo de Mãe Aninha, Vital Rolim e do próprio padre Rolim não é um dos membros fundadores da ACAL? É sem dúvida o padre Raimundo o maior memorialista da família Rolim e com um excelente livro publicado “Vida e Missão Atropelada”.
Volto a repetir: não foi fácil para as pessoas que se dispuseram fazer existir a ACAL, além da angústia, do sofrimento e da tristeza por não poder contemplar tanta gente digna de serem patrono e membro fundador.
Os nomes existentes dentro das propostas da ACAL eram e são tantos que daria para criar mais três academias.
Mesmo sendo um doloroso parto, a “Mãe Cajazeiras”, deu a luz a uma bela filha, que recebeu o nome de Academia. Vamos aguardar os seus frutos.
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