VÍDEO: ‘Ficou inviável’, diz médica sobre porta aberta para atendimento infantil no HUJB de Cajazeiras
A pediatra Emmanuelle Lira explica que a demanda estava sobrecarregando o serviço com casos que poderiam ser atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBS)
Em entrevista ao programa Olho Vivo, da Rede Diário do Sertão, a médica pediatra Emmanuelle Lira explicou porque a porta aberta para atendimento infantil foi retirado do HUJB (Hospital Universitário Júlio Bandeira).
“A gente tinha um atendimento de porta, que poderia até ter continuado a existir se ele fosse um atendimento racional. O que aconteceu? Todo mundo começou a ir para o hospital, simplesmente, porque espirrou, porque tossiu, começou uma primeira febre, porque está com uma coceira e começou a virar uma coisa tão descontrolada que começou a ficar inviável, impossível”, disse.
Segundo ela, crianças que poderiam estar sendo atendidas na Unidade Básica de Saúde (UBS) estavam sendo levadas para serem atendidas no HUJB (Hospital Júlio Bandeira), espaço que era dedicado para o atendimento de crianças mais graves.
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“O cara tomava posse no plantão achando que ia atender 10 crianças graves, atendia 128 crianças ótimas que estavam pulando, brincando. O pediatra acabado de cansado do dia inteiro de trabalho, chega para atender um menino que está melhor do que ele. Começaram a fazer isso em um nível tão alto que os próprios médicos concursados começaram a pedir exoneração, começaram a pedir para sair, pedir transferência”, contou.
Em 2022 o HUJB emitiu um nota explicando que receberiam apenas pacientes graves mediante encaminhamento de outras unidades de saúde, com isso, a porta de atendimento infantil ficou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cajazeiras.
Segundo Emmanuelle, com essa mudança, a mesma coisa aconteceu na UPA, uma superlotação.
“A própria triagem está abarrotada de crianças que poderiam estar esperando para ser atendida amanhã. Olha o perigo, você está com 10 crianças para entrar na triagem, pode estar com um gravíssimo saturando 73 na fila, com risco potencial de vida e ele esta no meio da ‘multidão’ de 9, 10 crianças que estão só tossindo e poderia ir amanhã, depois de amanhã”, ressaltou.
“Isso acontece em todo lugar. O pânico toma conta de um jeito que as pessoas perdem a racionalidade, eu digo ‘calma! Seu filho está doente, eu não estou dizendo que ele não está doente, mas ele não está tão grave que tenha que ir para a UPA neste minuto'”, completou.
Ela explicou ainda, sobre as polêmicas em torno do atendimento na UPA.
“O lugar certo de ir é para casa e não é negligência da UPA, é a conduta correta. Tem que parar com essa ideia de que ‘porque a UPA mandou para casa três vezes a UPA matou o menino’, não, a UPA tentou fazer tudo que podia e fez, no dia que deu errado foi para UTI, que também tentou e pode dar certo e pode dar errado. Eu posso dizer, como coordenadora da pediatria que estou no HRC, dá bem mais certo do que errado”.
DIÁRIO DO SERTÃO
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