Bispo da Diocese de Cajazeiras fala sobre pedofilia na igreja, aborto, homossexualidade e se emociona ao receber homenagens da família e de amigos
Essa foi a primeira entrevista de Dom Francisco de Sales a um programa de TV desde que ele assumiu a Diocese de Cajazeiras em setembro do ano passado
Como havíamos anunciado anteriormente, a estreia do programa Xeque-Mate, da TV Diário do Sertão, com o apresentador Fernando Antônio, foi histórica. Afinal, ele entrevistou ninguém menos que o bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom Francisco de Sales, e essa foi a primeira entrevista do líder católico a um programa de TV desde que ele assumiu a Diocese em setembro do ano passado. Além da exclusividade da entrevista, Dom Francisco faz várias revelações inéditas e comenta temas polêmicos sobre os quais ele nunca havia se posicionado na imprensa.
O encontro também foi recheado de momentos emocionantes, como a participação dos familiares do bispo, momento que o levou às lágrimas.
“O retrato da família é um pouco o baluarte que dá sentido à vida da gente. Eu acredito muito na família. Nós não podemos negociar esse bem tão precioso por absolutamente nada. Nós vivemos num momento muito difícil onde a família está ameaçada de várias formas. Cultivem, amem a família de vocês. Façam da família esse lugar de refrigério constante onde a vida é criada e transformada, readquirindo o sentido para o qual nós fomos criados por Deus. Sem a família nos falta algo muito essencial”, comentou Dom Francisco.
Ele também foi homenageado em depoimentos da irmã carmelita Sineide Almeida; do padre Josinaldo Pereira, vigário geral da Diocese; e de fiéis que relembraram sua chegada em solo paraibano e enalteceram este primeiro ciclo à frente da Diocese que está prestes a completar um ano.
“Como religioso carmelita, eu tenho exercitado muito a dimensão da escuta, da proximidade, e é isso que eu tenho procurado fazer desde os primeiros momentos que pisamos no solo da Diocese de Cajazeiras. É claro que as demandas das responsabilidades são grandes, mas eu costumo dizer ao povo que cobre do bispo se o bispo estiver distante de vocês”, frisou.
Ateu ou católico hipócrita?
Um dos primeiros assuntos polêmicos levantados pelo apresentador Fernando Antônio na entrevista foi sobre uma suposta declaração do Papa Francisco em que ele teria dito que é melhor ser ateu do que ser um católico hipócrita. Ao tratar deste tema, Dom Francisco também criticou a hipocrisia religiosa, mas explicou que o Papa não é o autor da referida frase e que ela não foi dita da forma como foi divulgada. Segundo o bispo, Papa Francisco apenas teria citado, durante uma homilia, um jargão popular que afirma: “Se é para ser católico desse jeito, é melhor ser ateu”.
“O ‘grito’ do papa é justamente por uma fé que tenha uma visibilidade testemunhal concreta, que as pessoas possam ver naquele que se diz católico, se diz cristão, uma ação e uma atitude que derivam de sua fé, exprimem sua fé e não envergonham sua fé”, justificou Dom Francisco.
Homossexuais
O bispo também comentou a respeito da postura mais flexível do Papa com relação aos homossexuais. Para Dom Francisco, é possível haver uma relação harmônica entre o respeito da igreja para com a dignidade das pessoas e o respeito das pessoas à doutrina da igreja.
“O papa toca num ponto direto que é a dignidade do ser humano que dever ser respeitada em todas as suas condições. Nós não podemos violar a dignidade de cada ser humano. As palavras do Papa resumem a postura que nós devemos ter diante dessa realidade. Eu penso que as coisas podem caminhar de uma forma harmônica no respeito à dignidade, ao direito das pessoas, mas respeitando também a dignidade e o direito da igreja de ter a sua conduta com relação a esse e outros temas polêmicos.”
Pedofilia na igreja
Dom Francisco também foi questionado sobre os vários casos de padres e bispos que respondem a acusações de abuso sexual contra menores na igreja em todo o mundo. Ele afirmou que as pessoas devem evitar ‘julgar’ o acusado sem que antes ele tenha sido devidamente investigado pela Justiça à luz de provas materiais suficientes que o condenem. No entanto, ele também ressalta que a igreja tem sido cada vez mas combatível a essa “chaga” na sua história.
“A gente sempre pede que quando se trata dessa e de outras questões que envolvem situações delicadas da relação entre membros da igreja com o povo, a gente precisa da materialidade e também da capacidade de confidência. A gente precisa da veracidade dos fatos, que as provas sejam apresentadas e que a Justiça possa julgar e que, se condenado, aí sim as providências são tomadas pela igreja. Não é um pecado que é privilégio da igreja, mas há uma preocupação muito séria da igreja com relação a isso. Ela tem tentado fazer a sua parte para sanar essa chaga tão dolorosa na vida da igreja.”
Aborto
Sobre esta polêmica, o bispo foi contundente: “Para a igreja, o ser humano no ato da sua concepção é uma pessoa de direito, e o direito primeiro e inalienável é o direito à vida. Então não há na doutrina católica, na fé da igreja, lugar para a descriminalização do aborto. Essa é a lei da igreja, e aqueles que são cristãos de verdade jamais enveredarão por esse caminho. A igreja defenderá isso até as últimas consequências.”
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