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“Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do país”, diz Joesley Batista

O dono do grupo JBS fez várias acusações contra o presidente da República durante uma entrevista para a revista Época

Por Diário do Sertão

17/06/2017 às 10h38

Presidente Temer (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Joesley Batista, dono do grupo JBS, fez várias acusações contra Michel Temer durante uma entrevista para a revista Época. Na conversa, o empresário diz que o presidente da República lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil” e usa a máquina do governo para retaliá-lo. Além de Temer, Joesley ainda fala sobre o PT, sobre como Lula “institucionalizou” a corrupção no país e de que forma o PSDB, partido de Aécio Neves, entrou em leilões para comprar partidos nas eleições de 2014.

Quando questionado sobre a relação que tinha com Temer, o empresário foi direto. “Nunca foi uma relação pessoal, de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que precisava resolver problemas e via nele a condição de resolvê-los. Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. [Temer] Por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá”, afirmou.

“Esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho [da amizade]. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, disse Joesley ao ser perguntado sobre o pedido de propina feito por Temer em 2010. Além disso, o dono da JBS afirma que o presidente quase sempre pedia algo a mais. “Pediu para nós fazermos um mensalinho. Fizemos. Ele volta e meia fazia pedidos assim. Uma vez ele me chamou para apresentar o [José] Yunes. Disse que o Yunes era amigo dele e para ver se dava para ajudá-lo”, contou.
Sobre a viagem feita por Temer no jatinho da JBS, Joesley disse que não se lembra direito do que ocorreu, mas que estava dentro de um contexto do tipo “Eu preciso viajar, você tem um avião, me empresta aí”. “Acha que o cargo já o habilita. Sempre pedindo dinheiro. Pediu para o [Gabriel] Chalita em 2012, pediu para o grupo dele em 2014”, disse.

Temer e Cunha
Alguns detalhes da relação entre Michel Temer e Eduardo Cunha também foram revelados por Joesley. “A pessoa à qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio [Funaro]. O que ele não conseguia resolver ele pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”, contou.

“Em grande parte do período que convivemos. meu acerto era direto com o Lúcio. Eu não sei como era o acerto do Lúcio com o Eduardo tampouco do de Eduardo com o Michel. Depois, comecei a tratar uns negócios direto com o Eduardo. Em 2015, 2016, quando ele assumiu a presidência da Câmara”, afirmou o dono da JBS sobre a relação entre eles.

De acordo com Joesley, Temer era o chefe da “maior e mais perigosa organização criminosa desse país”. “Temer, Eduardo, Geddel [Lima], Henrique [Meireles], [Eliseu] Padilha e Moreira [Franco]. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muito perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites”, afirmou.

Metrópoles

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