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Governo Federal abandona obra que atenderia 1 milhão de pessoas no Sertão

Projeto do Dnocs beneficiaria 59 açudes da Paraíba e Rio Grande do Norte. Veja fotos exclusiva. Estação de Psicultura Joaquim Firmino Filho foi entregue à população em 13 de março de 2008.

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01/02/2010 às 08h07

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Os açudes do sertão paraibano e potiguar deveriam ter sido contemplados com 10 milhões de alevinos (filhotes de peixe) nos últimos dois anos, se não fosse o descaso e o abandono a uma obra inaugurada no dia 13 de março de 2008, pelo Governo Federal, no município de Marizópolis (distante 420 km da capital João Pessoa).

A Estação de Psicultura Joaquim Firmino Filho foi entregue à população com pompas de um grande evento, em uma solenidade que contou até com a presença do Ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, entre outras autoridades da Paraíba.

Quase dois anos depois, quem visita o local quase não acredita no que vê. A obra de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras contra Secas (Dnosc), orçada em aproximadamente R$ 1,2 milhão de reais, é o retrato materializado do esquecimento. Por fora o mato cresce, por dentro o aspecto é de abandono completo.

 Flagrante

/A Estação ocupa uma área de 6 hectares no Perímetro Irrigado de São Gonçalo. A equipe do MAISPB foi até o local e flagrou a situação.

Tivemos acesso ao prédio-sede e área que seria destinada a produção e manejo dos alevinos.

Os tanques estão secos e cobertos pelo matagal. Alguns equipamentos hidráulicos já enferrujaram a tal ponto que, talvez, sua manutenção se torne ineficaz para trazê-lo ao pronto fucionamento.

Viveiro para recepção de gaiolas, formação de plantel e acasalamento estão também sendo invadidos pelo mato.

Dentro da sede (onde deveria funcionar o laboratório) as paredes estão decoradas com teias de aranha, insetos e enxames de abelha que se amontoam (criando um verdadeiro "ecossistema" particular, ou mesmo um cenário de filme de terror).

No espaço foram construídos quatro tanques para acasalamento, dois tanques de exposição para revenda, um escritório administrativo, um almoxarifado e um depósito.

Em outro galpão deveriam funcionar seis tanques duplos para berçário, uma bateria de incubadoras e mesa cirúrgica.

Segurança no local

O Governo Federal, através do pregão eletrônico n° 2/2009, fez licitação para contratação de empresa especializada em vigilância ostensiva armada para prestar segurança à obra abandonada.

/A empresa já está instalada. Um vigilante vistoriava o local no dia que nossa equipe visitou o local.

Revolta

Um funcionário do Dnocs, que preferiu não ser identificado, revelou ao MAISPB sua completa revolta com o caso. "É um desrespeito ao dinheiro público. Ainda na execução o projeto foi reduzido de 10 para cinco tanques, mas nem isso funciona", desabafou.

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Cemitério do que não nasceu

A Estação de Psicultura foi projetada para produzir as seguintes espécies: tilápia do nilo (linhagem tailandesa), tambaqui, curimatã e carpa.

A idéia inicial seria beneficiar cerca de 1 milhão e 100 pessoas de 59 municípios da Paraíba e Rio Grande do Norte. Até agora tudo o que a obra conseguiu produzir foi a sensação enquanto os alevinos não chegam ao sertão paraibano, tem "peixe grande" nadando em água morna.


HERON CID – MAISPB

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