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Adutora Patos-Assunção vai garantir abastecimento dágua para 50 mil paraibanos

A adutora Patos-Assunção está sendo implantada numa extensão de aproximadamente 90 quilômetros e deve custar mais de R$ 4 milhões ao Governo.

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02/11/2007 às 19h25

A adutora Patos-Assunção está sendo implantada numa extensão de aproximadamente 90 quilômetros lineares, depois de atravessar um ermo do Semi-Árido que é visto como um dos setores de maior ocorrência de seca do Brasil. É a região que se estende a partir de Assunção, no Cariri Velho, e segue até Patos, via Salgadinho, Passagem, Areia de Baraúna, Quixaba e Cacimba de Areia, onde a natureza nunca foi pródiga em chuvas e os pluviômetros sempre registraram os níveis mais baixos.

Por aqui, o xique-xique, o cardo santo, os cactos, juremas e imburanas, são os únicos vegetais que resistem ao clima quente e seco e que voltam a exibir suas cores verdes somente quando caem os primeiros pingos dágua.Na semana passada, o gado se enfileirava penosamente diante de um pequeno barreiro em Quixaba, disputando uma lambida na lama ainda úmida. Situações assim, daqui a alguns meses, estarão superadas no quotidiano do sertanejo.

A adutora Patos-Assunção custará ao Governo do Estado R$ 4 milhões e 450 mil, através de parceria com o Ministério das Cidades. As obras, já iniciadas, são de responsabilidade da Lotil – Construtora e Incorporadora Ltda, a empresa cearense que venceu a concorrência. Em fevereiro deste ano, quando as obras começaram, foi fixado um prazo de 18 meses para serem concluídas. E os trabalhos já avançaram muito. Estão passando de um local denominado de Entroncamento, que pertence ao município de Passagem, um dos beneficiados.

A Lotil Construtora fixou sua base de operações em Quixaba, nas imediações de Patos. É ali onde estão armazenadas as tubulações da adutora, equipamentos e veículos. "Vamos fazer tudo para que a obra continue andando sem atrasos", explica o engenheiro civil Francisco Almino Leite de Menezes, dos quadros da Lotil. A água necessária ao trabalho da construtora vem de longe. Mas o trabalho continua, sem interrupções.

A água é meio rara por aqui. Janailton Guedes de Oliveira, 19 anos, filho de Quixaba e, hoje, empregado na Lotil, lembra da seca de 1998, quando tinha 12 anos de idade. "Os poços só forneciam água salgada e a Prefeitura de Quixaba comprava água em Patos, a um custo de R$ 100,00 o carro-pipa", diz. "A adutora, com os poderes de Deus, vai acabar com esta penitência secular da gente".

Rivonaldo Queiroz Pereira, agricultor, 32 anos, testemunhou as secas de 1993 e 1998. "As duas foram catastróficas. O gado morria à toa", conta. Secas à parte, mesmo em anos de chuvas normais, Rivonaldo assegura que, em Quixaba, falta água todos os anos. Hoje, eles já estão vivendo a era do carro-pipa. Em épocas passadas, a escassez de água era tanta que o carro-pipa só abastecia uma cisterna comunitária duas vezes por semana.

Melhor: uma vez depositada a água, o estoque durava apenas uma hora e só era permitido levar 150 litros por pessoa. Atualmente, a água que chega a Quixaba tem a cor amarelada. Além do carro-pipa, algumas carroças puxadas a burro percorrem a cidade, vendendo água a quem necessita.

Salgadinho, Passagem, Quixaba, Assunção e Areia de Baraúnas foram municípios que nasceram nas rotas das boiadas. Há séculos que a poeira deste ermo é levantada, principalmente quando a casta de fidalgos Dávilla Lins, donatária da Casa da Torre, na Bahia, autorizou a concessão de sesmarias no Cariri e no Sertão da Paraíba.

Esta corrida às novas terras, iniciada pelo clã de pioneiros dos Ol.iveira Ledo, não parou mais, embora a falta dágua fosse sempre uma constante. Conta-se que poucos foram os governos que olharam para esta área, que se espreme entre a BR-230 e a barra do Aba, um rio temporário, que corre por dentro da serra homônima, entre Salgadinho e Passagem. Quando a BR-230 foi aberta, Assunção, Salgadinho, Passagem, Quixaba, Areia de Baraúnas e Cacimba de Areia ficaram de fora.

"A água traz tudo de bom na sua esteira e a gente está torcendo para que venha melhorar mais a nossa vida", opina Maria do Socorro Figueiredo, presidente da Cabralac, uma fábrica de laticínios à base de queijo bovino e caprino localizada em passagem, no coração do Semi-Árido "esta notícia, para nós, é um alento".

A falta de chuvas na zona rural de Passagem é demonstrada claramente, no pátio da Cabralac. A empresa dispõe de 20 caixas dagua de pvc, cada com 500 litros, cujo papel é recolher água da chuva.um estudo realizado por Enock Figueiredo, marido de Socorro, revelou que a cada seca diminui o número de cabeças no rebanho bovino e o caprino não se desenvolve.

Na área de implantação da adutora, a paisagem é tórrida, o calor é grande e a visão mais comum é a de serras forradas de pedras, com escassa vegetação. Quando os rios perenes botam água, durante os invernos regulares, a paisagem se transforma e o verde predomina. Mas tudo volta ao cinza calcinado, quando a seca se anuncia. "Até os preás fogem do mato", diz Rivonaldo.

A adutora Patos-Assunção vai captar água do sistema Coremas Mãe Dágua-Capoeira, no Alto Sertão. A água vai descer a serra para socorrer os habitantes do Piemonte e atender a uma reivindicação deles, que já dura 60 anos. "A cada vala escavada no solo ressecado a gente sente o quanto devemos ser gratos a deus por esta bênção", comenta um operário.

Fonte: SECOM

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