Justiça decreta prisão preventiva de PMs suspeitos de sequestrar lutador que veio disputar olimpíadas
Segundo 'Jay' Lee, agentes teriam exigido R$ 2 mil de suborno após dizerem que ele não poderia dirigir sem passaporte
A Auditoria da Justiça Militar decretou, no fim da tarde desta terça-feira, a prisão preventiva dos dois policiais militares suspeitos de sequestrar e extorquir o lutador neozelandês Jason “Jay” Lee, de 27 anos. O crime ocorreu no último sábado quando o atleta retornava de uma competição em Resende, no sul do Rio, e passava por Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e foi parado em um blitz.
Os cabos Fabio da Costa Barbosa e Anderson Nunes Franco, agentes do Batalhão de Policiamento de Vias Expressas (BPVE), são acusados de exigir cerca de R$ 2 mil de suborno após afirmarem que Jay não poderia dirigir sem seu passaporte. Segundo a corregedoria da PM, os agentes podem ser expulsos da corporação.
Na tarde desta segunda-feira, o lutador publicou no seu Twitter que PMs chegaram ao seu apartamento de surpresa, mas ele se recusou a atendê-los. “Eu não deixei que eles entrassem, liguei para a minha embaixada e estou esperando a Polícia Civil”, disse. “A Polícia Civil havia me garantido que a PM não teria acesso aos meu dados”, publicou ele.
A reportagem procurou o Consulado Nacional da Nova Zelândia, que informou que não iria se manifestar por questões de segurança do atleta. Em nota, a PM informou que “não tolera desvios de conduta e atos como esse entristecem os quase 50 mil policiais militares honestos que combatem o crime diariamente”.
No fim da noite desta segunda-feira, Jay voltou a usar o Twitter para agradecer o apoio de amigos e parentes nas redes sociais e avisar que ele e a namorada, a jornalista Laura McQuillan, estavam bem. “Estamos seguros! Obrigado pelas mensagens de todos. Obrigado pelo apoio!”, escreveu ele.
Laura já havia usado o Twitter para acusar a PM de sequestrar o namorado, mas a corporação respondeu apenas que não havia registrado esta ocorrência e não forneceu outras informações.
De acordo com Jay, os homens o fizeram rodar por diversos caixas eletrônicos após exigirem cerca de R$ 2 mil de suborno porque ele estava dirigindo sem o passaporte. Em um desabafo com amigos no Facebook, o atleta comentou: “Os policiais podem fazer o que quiserem por aqui”.
“Fui sequestrado no Brasil. Não por uns caras quaisquer, mas por policiais fardados. Fui ameaçado ser preso caso não entrasse no carro deles e os acompanhasse a vários caixas eletrônicos para tirar dinheiro para um suborno”, escreveu Jay em sua página no Facebook.
Jay prestou queixa na Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (DEAT) neste sábado. De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo apurado. “Não sei ao certo o que é mais deprimente, o fato dessas coisas estarem acontecendo com estrangeiros perto dos Jogos Olímpicos ou o fato de os brasileiros terem de viver em uma sociedade que permita que isso aconteça diariamente”, refletiu o atleta.
Segundo Jay, a polícia alegou que ele, por ser estrangeiro, não poderia estar dirigindo um carro alugado sem passaporte. “Eu sei que é mentira. A companhia que alugou para mim não mencionou isso em nenhum momento”, afirmou o lutador.
Condutores habilitados em países estrangeiros podem dirigir no Brasil, caso regulares, se seus países forem amparados por uma convenção internacional, o que é o caso da Nova Zelândia. Segundo o Detran, depois de 180 dias no país, o indivíduo deve passar por exames físicos e psicológicos e passar a portar a Carteira Nacional de Habilitação brasileira. Não há menção de passaporte.
Em entrevista ao neozelandês “Stuff”, Jay contou que a polícia fez de tudo para não serem vistos e mandou que ele não denunciasse o crime. Ao ser abordado, ele relatou ter sido apalpado na área genital, “o que foi uma surpresa”.
O atleta não está com a delegação olímpica, o jiu-jitsu não é um esporte olímpico. Ele mora no Brasil há cerca de um ano para treinar o jiu-jitsu brasileiro, tido como o melhor do mundo.
O Dia
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